sábado, 20 de fevereiro de 2010

Coisa de ir embora


sair assim, ir embora, sem aviso ou desculpa. sem reticência que suspenda promessa ou recusa. pegar a estrada pelo rabo, calçar asas nos sapatos,dançar a dança da distância, partir. você sabe que sou moço de raizes, acamado se sozinho, na doença de eu mesmo. sou moço alérgico a despedidas, minhas mãos esfriam sempre, meus olhos invernam. mas as vezes, de madrugada, brilha enorme em mim a herança de rio, e eu sinto arder dentro das costas um par de asas novas. nunca tive pressa de sair, por que antes é preciso casulo. assisto, com parcimonia e tato, a toda essa gente que quer partir por estar partida. como se a distância fosse remédio de esquecer. mas não eu...ah, menina, não eu. sair assim, ir embora... nunca tive essa pressa; um dia acordarão todos e eu não estarei mais aqui - mas apenas quando souber partir para repartir.

4 comentários:

  1. Como já dizia uma música, i won't hit the road, cos' the road can hit me back.

    (eu tenho associações estranhas de idéias...)

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  2. De alguma forma estranha, compreendo a associação feita pelo João alí em cima... faz sentido. Há os que partem, para não ter que enfrentar, e há os que ficam, pelo mesmo motivo.

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  3. do alto das minhas asas que desde sempre fizeram meu quarto apertado, digo o de sempre:
    "Quem nasce com um coração de pássaro sabe quando é hora de voar. "

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  4. Zé,
    Sabe que sou sua fã, né?!
    Evellyn

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pode falar, eu não estou ouvindo