tag:blogger.com,1999:blog-44016663523457428862024-02-20T22:56:40.738-08:00ouvidos mudoszerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.comBlogger248125tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-78766708057480004392012-06-14T11:59:00.002-07:002012-06-14T18:56:22.378-07:00Nós, os vilões
nós, os vilões, somos tão
delicados e tão incapazes de qualquer mal. com nossos ossos partidos e nossos
corações quebrados, com nosso exagero fingido e disfarçado, com a espera
inquieta pela felicidade que nunca veio, pela alegria que não nos alcança, nós
os vilões sorrimos. mas das janelas clareadas pela noite, nossos olhos
vasculham o mundo e só encontram a
sombra daquilo que não zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-12875599358107064542012-06-06T12:59:00.001-07:002012-06-06T12:59:17.721-07:00Sim, mas veja bem...
Diálogo 1:
- Espera, deixa ver se entendi:
então a humanidade, nos últimos séculos, gastou quantias incontáveis de riqueza
para desenvolver alimentos capazes de serem produzidos em larga escala para uma
população crescente, a preços acessíveis, e que possam resistir sem estragar a
longas viagens e a muito tempo de armazenamento para que nós não precisemos
caçar e nem plantar, mas zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-80201146977339257202012-05-29T08:04:00.001-07:002012-05-29T08:04:48.922-07:00Cowboy do asfalto
Sou morador dos arredores do Parque
Agropecuário de Goiânia. E, como é de praxe, em meses de maio e junho apresento minhas críticas relacionadas à Festa Agropecuária da cidade. Para
quem gosta de música sertaneja, de cheiro de vaca, de vaca e de mulheres
vestidas de vaca a vácuo, a festa é um prato cheio. Para quem não, torna-se
bastante incomodo ter que dormir ao som de Michel Teló, zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-52087030237542096632012-05-25T08:07:00.002-07:002012-05-25T08:07:45.462-07:00Avengers
Como
já disse em outros posts, não me aventuro a falar sobre filmes, por preguiça de
enfrentar as patrulhas ideológicas. Esse
post, portanto, não é sobre o filme The
Avengers, mas sobre algumas sensações que tive ao assisti-lo.
Existe uma espécie de desamparo muito
específico, ou talvez de tristeza mesmo, nas zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-41861448946078912012012-05-17T11:40:00.000-07:002012-05-17T11:40:29.687-07:00Vontade difusa
É quando me acomete essa vontade difusa de qualquer coisa,
esse desejo específico por algo inespecífico, algo que paira sobre os
pensamentos e cuja única característica perceptível é a de não se parecer com
nada que eu possa definir. E assim revolvo dias e coisas atrás de um encaixe,
de um clique mecânico, ou de um rabo por entre cortinas, qualquer indício a sinalizar:
zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-59992493873328075392012-05-14T07:48:00.000-07:002012-05-14T07:48:05.396-07:00Notícias de um verão interior
Saberia eu dosar os dias de
estranhíssimo talhe, pela pouca precisão dos passos que dou ou pelo desamparo
com que me embaralho em meus próprios cadarços? E mesmo que a cidade se empenhe
em colonizar meus pensamentos com labirintos, e mesmo que minha sombra se
atenha a cada gesto e se esconda no contraforte de cada sorriso. Saberia eu
remediar os dias de estranhíssimo corte?Não sei, não sei. zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-35666208884749844422012-05-06T18:38:00.004-07:002012-05-06T18:38:33.209-07:00O Contraventor
1 – A mídia nos disse certa vez que o Demóstenes era o paladino da
ética, o pilar da honestidade e o grande defensor da dignidade de homens e coisas.
E nós acreditamos. A mídia nos disse certa vez que Demóstenes era o orgulho da
raça goiana, e nós nos orgulhamos. A mídia então nos diz que Demóstenes não é
nada disso, que ele é o rei da mentira, a falácia ambulante, o homem de vida
dupla. zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-6689669449205798442012-04-27T07:46:00.000-07:002012-04-27T07:46:45.569-07:00traum
- eu sonho muito com você. E no sonho, estamos sempre numa
festa de crianças. Eu te procuro debaixo do pano das mesas e debaixo das saias das
mulheres, ou nas escadas cheias de balões ou no banheiro dos meninos. Pergunto
às pessoas aonde você foi, mas elas estão cantando tão alto que não me escutam,
e elas vestem máscaras de bicho e suas risadas parecem ruídos de portas se
abrindo. Então zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-57960655716004930952012-04-23T10:57:00.000-07:002012-04-23T10:57:24.362-07:00Dilemas da arqueologia futura
O ano é 5025 d.C. Uma espaçonave científica cruza os céus da Terra
e, dentro dela, dois renomados arqueólogos se admiram. Milênios atrás, a raça
humana foi forçada a fugir do planeta e, graças à pressa, se esqueceu de
mapear o caminho trilhado. Foi preciso muito trabalho para que os arqueólogos
conseguissem reencontrar o planeta azul no meio do universo. Tão logo
aportaram no que um dia zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-89400631154850799142012-04-12T14:42:00.003-07:002012-04-12T14:42:56.014-07:00Descoberta da morte alheia
Ao me aproximar da casa, vindo pelo quintal abandonado, era
possível sentir que lá dentro alguém morria. Não de morte fulminante, não de
morte anunciada, talvez de morte pretendida, por anos planejada como uma viagem
de férias. Na varanda havia um entulho de sombras e roupas rasgadas, um
amontoado de pedaços de coisas velhas, um relógio de pulso, sapatos pretos, uma
vassoura. Eu subi as zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-51539220708238452122012-04-05T09:42:00.000-07:002012-04-05T09:43:30.658-07:00Teorema Labiríntico da Ignorância
Tolice é chamar um homem de ignorante. Redundância pura. Não
há nada que sejamos tanto quanto ignorantes; e a quantidade de assuntos que
ignoramos é tão absurdamente maior do que a dos que sabemos, tão maravilhosamente incontável, que o
abismo de conhecimento entre um sábio e
um idiota se torna ínfimo. Somos todos ignorantes em mesma medida, na mesma
escala. O mais pobre e inculto doszerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com49tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-26685344947620795502012-03-27T19:49:00.000-07:002012-03-27T19:49:25.703-07:00MMA né?
Sem muito aviso, a luta livre se tornou assunto hegemônico na
mídia. Assim, aparentemente do nada, lutadores ocuparam capas de revista,
horários de TV aberta, propagandas de carro e de pasta dental, filmes e mesas
de debate esportivo. E, mais que depressa, o tema se infiltrou nos assuntos
cotidianos, nas conversas de boteco e nas discussões dos intervalos de
trabalho.
Não tenho zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-74180016540016912482012-03-23T09:00:00.000-07:002012-03-23T09:00:26.682-07:00para Joanna newsom
eu
gostaria também de criar algo tão meu que fosse a minha própria vida recriada. algo
tão meu que fizesse meus dedos dançarem com a precisão de garras, e meu rosto
se desfigurar sem nenhuma sutileza. que fizesse a minha voz tão imprecisa e tão
sábia, que ressaltasse da alma o brilho e a imperfeição. eu gostaria também de
confeccionar minha dor sozinho com as cordas retesadas, pois eu não zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-39385700298311962342012-03-14T08:06:00.002-07:002012-03-14T08:06:34.040-07:00Cow Parade
Eu ouvia dizer da cow parade bem por alto, com informações
esparsas aqui e ali nos jornais ou na internet. Nada que me fascinasse ou incomodasse,
ou que incitasse a uma segunda leitura – ora, vacas nas ruas, grande
coisa, isso já existe em Goiânia há décadas. Para mim, soava com um assunto insosso, uma dessas bobeiras inofensivas
que hoje têm a importante função de dar algum significado à zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-68751618768114949632012-03-06T04:21:00.001-08:002012-03-06T04:21:32.271-08:00Perder a ciranda
O fim do mundo é um dos fetiches
favoritos do nosso tempo, ao que nos diga aquele bafafá todo de 2012 e etc. Mas,
preocupados demais em criar frases publicitárias inteligentes e filmes de
desastre natural, acabamos por não perceber um aspecto interessante da
mitologia mexicana antiga:
Os astecas (e imagino que também os
maias) acreditavam que, de tempos em tempos, o mundo acabava. Ou zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-76980023918569879652012-03-01T04:52:00.002-08:002012-03-01T04:53:28.087-08:00um assunto polêmico
A gente aprende na faculdade de jornalismo que é muito
importante mostrar sempre os dois lados da questão. Mas não é preciso faculdade
alguma pra se descobrir que, nesse mundo, poucas questões têm apenas dois
lados.
Ainda assim, insistimos na dualidade. Não que não suspeitemos
da complexidade do mundo, mas parece mais fácil lidar com tudo quando há dois
pólos bemzerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-35791481117147773342012-02-24T04:05:00.001-08:002012-02-24T04:05:12.651-08:00A canção mais antiga do mundo
Há alguns anos, li o nome hurritas
num desses livros áridos de biblioteca. Deles se dizia quase nada; um povo
antigo da mesopotâmia como tantos outros cujos nomes curiosos hoje só são ditos
em voz alta nas aulas de História do ensino médio ou na boca de estudiosos da
Bíblia. E os hurritas teriam
garantido honrosamente seu lugar na prateleira mais escondida da salinha mais
esquecida da ala de zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-12508258117562115612012-02-18T05:11:00.002-08:002012-02-18T05:11:45.386-08:00Raiva
O que ele mais gostava nos heróis dos filmes é que eles nunca
sentiam raiva. Bem podiam ter coragem ou medo, bravura ou covardia, podiam
sentir ódio ou amor, podiam quase morrer nas mãos dos vilões ou quase perder as
mocinhas em estações semi-iluminadas de Paris. Mas tudo que sentiam era grande e
profundo, combinava com o jogo de cena, a música e a luz. O que ele mais gostava nos heróis é zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-49656379872428883102012-02-14T09:12:00.001-08:002012-02-14T09:12:16.193-08:00Nostradamus futebol clube
Tanto a cultura greco-romana quanto a judaico-cristã, que
foram as nossas mães culturais, adoravam a idéia de prever o futuro. Os gregos
construíram seus oráculos, e muitos de seus mitos tinham por base a luta contra
um destino revelado e inalterável: Cronos, Édipo, Aquiles, nenhum herói grego
saía de casa sem a previsãozinha nossa de cada dia.
Enquanto isso, no deserto do Velho zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-11897098692103812132012-02-02T09:14:00.000-08:002012-02-02T09:14:08.566-08:00grande estrategista
se
de poucas e afoitas mentiras eu tramo a verdade com que me engano, ou se de muitas
e aflitas verdades eu me encaro na mentira que acredito, é porque sei que tudo
é trama; eu sei - seus passos, seus
dias, seus ritos. Sei quando sai do trabalho, quando tropeça na rua, sei quando
ri. Sei o número dos seus sapatos, e o ângulo exato do sol que se põem nos seus
sonhos bonitos. E é fato quezerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-36672173314426870092012-01-23T05:07:00.000-08:002012-01-23T05:07:02.706-08:00Das festas
Glamour. É isso que você espera das festas? E estranha porque
as festas que você vai nunca têm tanto glamour quanto aquelas que seus amigos
foram. Porque te contam que todos se embebedaram e ficaram muito loucos e
felizes. Mas nas festas que você foi, as pessoas ficavam mais loucas que
felizes. As pessoas ficavam mais bêbadas. E os bêbados, pelo menos os das suas
festas, eram muito chatos. Házerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-62574527251737054212012-01-16T05:48:00.000-08:002012-01-16T05:48:52.500-08:00Michel Teló e os índios assustados
Recentemente, em conversa com um
conhecido irlandês, eis que me surge o tema Michel Teló. Meu amigo gringo conhecia o cara e achava a
música muito boa. Eu é que eu não conhecia, mas dois minutos de youtube me
colocaram a par do fenômeno. A primeira reação que tive foi de censura, e
despejei sobre o pobre irlandês uma tonelada de observações e definições a respeito
da verdadeira zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-1926012445127689592012-01-12T13:29:00.000-08:002012-01-12T13:29:43.092-08:00A distância entre a mentira e a queda
Era infância e eu voltava para casa com um coleguinha.
Meu pai usava bigodes e descia a Anhanguera, mas na época eu não conhecia nem o
nome das ruas nem meu pai sem bigodes. Minhas mãos suavam de um jeito
engraçado; eu tinha que esfregá-las na bermuda e suspirar. Estava quieto e
olhava pela janela. Meu colega, por outro lado, sorria muito e falava. Quanto
mais próximo ficávamos de casa, zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-47971010607230655332011-12-24T10:13:00.000-08:002011-12-24T10:13:36.290-08:00Descobrimento
Teria desistido de perguntar se
essa água toda é mar ou rio. E a partir da correnteza, na marcha ligeira, ele
abre os braços como velas. Gostava das histórias mitológicas em que deuses
criam oceanos num espirro. Gostava de pensar no horizonte como o varal do alpendre ao por do sol. Talvez ao norte haja margem, talvez ao sul. Ele descobriu a curiosa
verdade: o caminho mais rápido para terra zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4401666352345742886.post-69336474995439394072011-12-17T04:49:00.000-08:002011-12-17T04:49:16.407-08:00A falta
Estávamos no rio, descendo ou subindo. A bússola dava voltas,
e as previsões minguavam. Cada vagalhão quase entornava a jangada, molhando nossos
ossos por baixo das roupas. E você dizia: não vamos conseguir, ao que eu,
prestativo, respondia: é claro que vamos. Uma jangada não agüenta o mar – você
gritava, quando o vaguear rugia. Mas isso nem é mar, é só um rio, eu te
lembrava. Não é rio, é zerohttp://www.blogger.com/profile/08133409165371838936noreply@blogger.com2