sábado, 9 de agosto de 2008

talking about a revolution


piscina circular


Era sábado e eu estava na piscina. A minha irmã e minha única companhia havia me trocado categoricamente pelo sol. Estava lá, esquecida da própria existência, esperando para pegar uma cor com a mesma paciência e inércia que um bife espera para cozinhar. Meus pais também haviam se perdido, provavelmente em algum jogo interminável de canastra, ou na sauna. Ou seja, estavam todos tratando de se esturricarem como bem manda o figurino das férias. E eu na piscina.Minha relação com piscinas é conflituosa. Sempre considerei como a grande chance de mostrar à desconhecidos completos meu físico milimetricamente esculpido, minha saborosa cor tropical e meus pêlos pubianos, não necessariamente nessa ordem.Sem contar a maravilha de compartilhar fungos. Aliás, acho que de situações dentro d´água já me bastaram os nove meses.
Mas enfim, perdoem minha tendência à gordura literária, e vamos ao que interessa.Entediado que estava, comecei a ouvir conversa alheia na piscina. Fingindo estar ora treinando minhas braçadas, ora boiando, circulei pelos grupinhos dentro d´agua, aqui e ali, paulatinamente, sassaricando por ali e por lá e tal.E, senhoras e senhores, qual não foi minha surpresa?Posso fazer uma lista curta, talvez de 5 ou 7 itens, que compunham o mote da conversa de todos aqueles grupos. E não eram poucos, a piscina estava cheia. Havia gente de Minas Gerais, de Brasília, de Goiânia e São Paulo. Famílias gordas, Famílias magras, jovenzinhos espevitados, jovenzinhas preocupadas.Uma gama enorme de criaturas humanas, todas elas envolvidas em 5 ou 7 temas. Mais ou menos nessa ordem:1. Lei Seca ( Tenho q beber hoje, por que amanha dirijo então...)2. Profissão ( ah, o que você faz? eu faço isso e aquilo...). 3. Globo Reporter do dia anterior4. Condição das estradas 5. NovelaNão sei como isso afetaria vocÊs, meus amigos. A mim me afeta terrivelmente. Afinal, termino por me perguntar: Ao que nos condicionamos? Por que reduzimos nosso campo de visão a apenas aquilo que está a dois palmos do nariz? A questão não é o tema ou o assunto, mas a incidência. E isso é mais abrangente. Sobre quantos temas falamos durante a vida? E será que estamos falando realmente por conta própria, ou estamos apenas seguindo as circunstancias? E conversamos sobre brinquedos quando somos crianças, sobre vestibulares quando somos adolescentes, sobre sexo e revolução quando somos universitários, e sobre lei seca e novela quando estamos numa piscina. E se acontecer de conversamos só sobre isso, seguindo o roteiro? Enfim, quando minha irmã voltou, engatei logo uma prosa sobre validade de iogurtes e tamanho de escamas de répteis. Só pelo prazer intrínseco.

5 comentários:

  1. O pior é que nós fazemos sem perceber, é como um círculo vicioso de conversas repetidas.

    ResponderExcluir
  2. Jurei que ia ter uma conversa muito interessante no começo do texto, tipo um cara dando em cima da mulher enquanto o marido dela foi buscar uma cerveja ! huahuahuahuaha
    ;P

    ResponderExcluir
  3. P*ta m*rda. O tal do nerd é tão chato que não deixa nem as outras pessoas fofocarem em paz, na piscina, em pleno calorão de Julho. ;)


    É f*da ser nerd né, Zé.. As pessoas nunca entendem o porquê da gente sempre questionar POR QUE RAIOS elas nunca conseguem ter uma opinião crítica que não seja a opinião do Bonner ou da mocinha da novela das 9.

    E veja só que nerd amargurada eu me tornei. Quanto palavrão num só comentário!

    ResponderExcluir
  4. vc tem que comentar logo a bichisse!
    é uma bixa mesmo.

    ResponderExcluir
  5. Ok. Se você me disser que isso foi no SESC de Caldas eu vou ter que confessar que eu estava naquele grupinho, falando sobre planos de que, se ganhasse no bingo, eu ia patentear um coça-costas autêntico, porque aquelas mãozinhas de madeira só coçam mesmo um ínfimo lugar, fazendo com que o resto das costas cocem mais ainda. O.o

    ResponderExcluir

pode falar, eu não estou ouvindo