Há um mês ou menos que sonho constantemente com viagens. Daquele jeito espaçado de sonho, que a gente lembra depois só por aproximação. Em todos, ou pelo menos quase, suponho nunca estar exatamente em algum local, mas sempre indo. Sempre a caminho. Antes da temporada “sonhos de viagem”, houve a série “sonhos de turma”. Teve o capítulo onírico com a turma da faculdade, com a velha turma do colégio, com o pessoal do alemão e assim em consecutivo. Por não poucas vezes gostaria de acreditar mesmo nessa idéia de sonho como presságio, como mensagem ou aviso, mas minha criação só me dá a escolha de entendê-los sob a luz do discernimento. Não que o discernimento nos torne menos místicos, pelo contrário. Trabalha apenas para nos tornar místicos pés no chão, na medida possível do conceito. Mas que dá aquela vontadezinha de tirar dos sonhos o segredo das coisas e a chave das situações, isso dá. De fato.
Acredito que a gente sonhe com anseios e resoluções, mas nada oriundo do subconsciente ou inconsciente ou bulhufas. Para mim, o sonho parece servir como um conselho vindo de uma parte interna mais consciente do que aquela que dirige a vigília. Se não mais consciente, pelo menos mais ajuizada, por não estar constantemente sujeita a tanta interferência. Acordados, despertos e bem dispostos, quase sempre estamos inconscientes. Quantas e tantas vezes não fazemos mecanicamente a vida, usando o pensamento dos outros como nosso, e as sensações dos outros como nossas. E ao fim do dia, do mês, do ano, o quinhão do tempo e da vida que nos pertence realmente é mínimo – gastamos tudo com coisas que nem lembramos depois. Não sei se há consciência nisso. Talvez por isso nossas lembranças mais importantes chegam espaçadas como em sonhos. É palpável lembrar do último jogo do campeonato, mas é etéreo lembrar da primeira vez que encontramos nosso melhor amigo. Uma nos chega com qualidade de DVD, a outra nos chega com chiado de vinil.
Nesses dias que ando só e sem ganas, tentando sem forças me lembrar dos detalhes e das cores de tudo aquilo que me impulsionava, nesses dias andei pensando em só sonhar. Vontade de que as coisas, a vida e as pessoas tenham a mesma cara embaralhada e a mesma certeza pouco lógica dos sonhos. Mas isso também não me parece muito consciente.
Nesses dias que ando só e sem ganas, tentando sem forças me lembrar dos detalhes e das cores de tudo aquilo que me impulsionava, nesses dias andei pensando em só sonhar. Vontade de que as coisas, a vida e as pessoas tenham a mesma cara embaralhada e a mesma certeza pouco lógica dos sonhos. Mas isso também não me parece muito consciente.
Sua mente nunca funciona tão bem quanto nas horas em que você sonha. E acho que li algo sobre as idéias parecerem bem melhores antes de dormir, questão de bioquímica.
ResponderExcluirNão me peça pra vincular racionalmente essas minhas duas declarações.