Era uma vez um homem chamado João Geraldo. Ele não gostava de nada em particular. Seus amigos, na mesa de qualquer bar, lhe perguntavam:
- E então, João, você prefere as loiras ou morenas?
- Nenhuma especificamente. Gosto das mulheres.
- Mas João, você prefere peito ou bunda?
- Gosto do corpo como um todo.
- Meu deus, rapaz! Você não prefere nada?
- Prefiro tudo.
A verdade é que o verbo preferir não fazia parte do vocabulário cotidiano de João Geraldo. No vestibular, não conseguia escolher qual curso fazer. Adoraria ser advogado, ou médico, ou fisioterapeuta, ou porteiro de prédio,ou matador profissional. Fez medicina, por escolha da família. Teve de passar cinco anos em cursinhos, pois tinha imensa dificuldade com questões de múltipla escolha: achava que todas alternativas estavam certas. Conseguiu por fim passar, mas não pôde fazer nenhuma especialização. Acabou se tornando clínico geral.
Por não ter preferências, João se casoou com a primeira namorada. Os amigos perguntavam:
- O que ela tem que te agrada, Geraldo?
- Tudo.
Mas a mulher logo pediu divórcio. A razão: não conseguia desagradá-lo. Mudava o corte de cabelo, ele achava bom. Exagerava no sal da salada, ele adorava. No ápice da crise matrimonial, ela, aos prantos, gritava:
- Seu cachorro! Você prefere ficar sozinho a ficar comigo?
- Meu bem, qualquer um está ótimo!
- Cachorro!
A vida de solteirão fez bem a Geraldo. Ele se tornou um conquistador conhecido na cidade toda, invejado pelos amigos. Não tinha frescuras: bonitas, feias, gordas, magras, negras, brancas. Nada era inaceitável para João Geraldo. Até o dia em que os amigos o pegaram com um travesti. Indignados, foram tomar satisfações:
- Mas João! Você não viu que era um traveco?
- Vi sim, vi sim.
- Mas você gostou mais do traveco que das mulheres?
- Ah, meus amigos, gostei de tudo.
A turma ficou um tanto arredia, mas por pouco tempo. O João era um ótimo amigo. Ia a todos os lugares, torcia para todos os times. Gostava do chefe e do funcionário, de música sertaneja e rock, de churrasco e canapés. Onde os amigos fossem ele ia, e adorava a tudo. Certa vez, porém, João Geraldo foi abordado por um assaltante na rua:
- O relógio ou a vida!
- Nossa, escolha difícil viu...
Assim morreu João Geraldo, essa incrível figura. Dizem que, ao chegar no céu, a recepcionista estava muito intrigada:
- Sr. João Geraldo, o senhor curiosamente fez o mesmo número de coisas boas e coisas ruins em vida. Participou do mesmo número de orgias e obras de caridade, ficou bêbado e sóbrio pelo mesmo tanto de dias. Enfim, o senhor é um caso raríssimo. Tem direito a entrar tanto no céu quanto no inferno. O que o senhor prefere?
O João, muito tranqüilamente, passou as mãos nos cabelos, coçou a barba e, encostando-se em uma coluna de nuvens, respondeu:
- Não sei... o que a senhorita sugere?
- E então, João, você prefere as loiras ou morenas?
- Nenhuma especificamente. Gosto das mulheres.
- Mas João, você prefere peito ou bunda?
- Gosto do corpo como um todo.
- Meu deus, rapaz! Você não prefere nada?
- Prefiro tudo.
A verdade é que o verbo preferir não fazia parte do vocabulário cotidiano de João Geraldo. No vestibular, não conseguia escolher qual curso fazer. Adoraria ser advogado, ou médico, ou fisioterapeuta, ou porteiro de prédio,ou matador profissional. Fez medicina, por escolha da família. Teve de passar cinco anos em cursinhos, pois tinha imensa dificuldade com questões de múltipla escolha: achava que todas alternativas estavam certas. Conseguiu por fim passar, mas não pôde fazer nenhuma especialização. Acabou se tornando clínico geral.
Por não ter preferências, João se casoou com a primeira namorada. Os amigos perguntavam:
- O que ela tem que te agrada, Geraldo?
- Tudo.
Mas a mulher logo pediu divórcio. A razão: não conseguia desagradá-lo. Mudava o corte de cabelo, ele achava bom. Exagerava no sal da salada, ele adorava. No ápice da crise matrimonial, ela, aos prantos, gritava:
- Seu cachorro! Você prefere ficar sozinho a ficar comigo?
- Meu bem, qualquer um está ótimo!
- Cachorro!
A vida de solteirão fez bem a Geraldo. Ele se tornou um conquistador conhecido na cidade toda, invejado pelos amigos. Não tinha frescuras: bonitas, feias, gordas, magras, negras, brancas. Nada era inaceitável para João Geraldo. Até o dia em que os amigos o pegaram com um travesti. Indignados, foram tomar satisfações:
- Mas João! Você não viu que era um traveco?
- Vi sim, vi sim.
- Mas você gostou mais do traveco que das mulheres?
- Ah, meus amigos, gostei de tudo.
A turma ficou um tanto arredia, mas por pouco tempo. O João era um ótimo amigo. Ia a todos os lugares, torcia para todos os times. Gostava do chefe e do funcionário, de música sertaneja e rock, de churrasco e canapés. Onde os amigos fossem ele ia, e adorava a tudo. Certa vez, porém, João Geraldo foi abordado por um assaltante na rua:
- O relógio ou a vida!
- Nossa, escolha difícil viu...
Assim morreu João Geraldo, essa incrível figura. Dizem que, ao chegar no céu, a recepcionista estava muito intrigada:
- Sr. João Geraldo, o senhor curiosamente fez o mesmo número de coisas boas e coisas ruins em vida. Participou do mesmo número de orgias e obras de caridade, ficou bêbado e sóbrio pelo mesmo tanto de dias. Enfim, o senhor é um caso raríssimo. Tem direito a entrar tanto no céu quanto no inferno. O que o senhor prefere?
O João, muito tranqüilamente, passou as mãos nos cabelos, coçou a barba e, encostando-se em uma coluna de nuvens, respondeu:
- Não sei... o que a senhorita sugere?
Bom saber que nossas conversar têm rendido pelo menos histórias. Hehehe..
ResponderExcluirBoa história, um belo momento de contos morais aqui no blog. E realmente fiquei com a cena do cara encostado na nuvem rodando aqui na cabeça.
ResponderExcluirAlgo simples, mas que ressalta por ser be, escrito. Ficou leve!
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