segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Na margem




Sei que é preciso planejar, riscar no chão o passo seguinte, sem medo que a chuva turve o traço, sem medo que o vento dê nó na linha, sem medo das outras pessoas que passam. Tudo isso há de acontecer, sempre e com força, mas arte mesmo é essa: traçar um plano que abrace mesmo os desenganos. Que norte há que eu sei. Há rumo. Como se chega lá é estratégia de mansinho, é ciência de miúdo. O agora está na gente como uma ilha mínima, rodeada por todos os lados de futuro.
Todo amanhã é ano-novo, todo dia é margem. Não é por que alguém começou a contar dois mil e nove anos atrás que a gente precisa esquecer que todo dia a vida é nova e que toda noite mereceria uma salva de fogos. Que sejam os fogos e não os planos de artifício.

3 comentários:

  1. é bom pensar assim.

    cada dia deveria ser dotado de de novos planos, e não limitar os novos planos às passagens dos anos.

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  2. Pior de tudo é quando vc faz um plano e o destino faz outro. A sensação que dá é de que você perdeu o controle das coisas, de que existe algo maior do que a nossa vontade por trás de cada acontecimento.

    Ah zé..escreva com mais frequência! Seu público te adora! hhehe

    =***

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  3. Ah muito bom ler esse tipo de coisa. Traduz bem os inícios de ano e como o próprio texto diz, deveria traduzir todos os dias.

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pode falar, eu não estou ouvindo