É verdade, meu bem, o amor acaba. Não em pinotes, nem em tragédias. Acaba em manhãs tranquilas de sol, em filas de banco, em caminhadas noturnas. São dois para lá, dois para cá e pronto, está terminado o amor. Depois começa de novo, de súbito. Estamos lavando as mãos e o amor começa. Ou então olhamos para uma janela entre a lua e a cidade e o amor começa. Parece novo, até por que remoçamos um pouco: ficamos mais tempo diante do espelho, achamos as roupas do fundo do armário, afinamos o violão que estava encostado. Mas é o mesmo amor. O mesmo de antes. Ele morre e desmorre assim por que é eterno. É coisa por demais encaroçada na gente, dentro mesmo da gente, cheia de raizes e madeira. Todo o amor, meu bem, é eterno. O problema são as pessoas. As pessoas engordam. E depois, com o tempo, todas elas se transformam naquilo que infesta o mundo: pessoas gordas que falam sobre empregos, dinheiro e felicidade, que criam mais ou menos seus filhos e beijam mais ou menos suas esposas, que pensam seriamente em comprar novas casas e lêem livros da prateleira central das livrarias. Que esperam carecas nos consultórios médicos. Que se cansam muito e dizem que estão cansados. Que buzinam nos engarrafamentos, que pescam nos fins de semana, que assistem à novela e ao jornal do almoço, que desaprenderam francês, biologia, matemática. E sozinhos nos quartos se frustram por não ser o que tinham sonhado, até que passam a achar ridículo sonhar. Que votam e reclamam do governo. Que acham graça no que gostariam de ter construído e mentem, despudoradamente, que estão vivendo. Mas não estão. Estão apenas engordando. *
Cadê o par desse asterisco?
ResponderExcluirÉ por isso que eu digo, ao invés de bolsa-alimentação o governo devia distribuir aquelas cintas que ficam chacoalhando a barriga, "faça exercícios sentado". Taí você devia fazer um texto sobre produtos polishop.
ResponderExcluirIsso fez algum sentido?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirnão sei se você sabe, mas eu acho que sou quem mais frequenta esse blog. assim sendo, me autorizei a copiar um trecho desse texto no meu orkut, já que eu não tenho inspiração. com aspas, é claro.
ResponderExcluir!
ResponderExcluirisso foi interessante.
ResponderExcluiras pessoas não sabem amar, assim como não sabem viver. ou será que não vivem por não saber amar? *dá outro texto, hein*
hoje eu passei pelo ponto de ônibus onde sempre te via quando ia pra faculdade semestre passado com meu irmão. é verdade que a gente não vai mais se encontrar no campus, né?!
pena. saudade Zé. ;*
Amar é legal, amor é legal, todos os derivados são legais. É isso de envolver outra pessoa que avacalha o processo.
ResponderExcluirEsse tb!!
ResponderExcluirFê