quarta-feira, 9 de setembro de 2009

fogo


Confesso que a menina ocupava os cabelos em uma trança e as mãos em um livro. Trazia a trança e o fogo; nunca como num incêndio, mas como num campo de trigo. Como se fossemos todos normandos e o brasil de repente tivesse outono. Por atracar sem defesas, acabei naufrago e prisioneiro – prisioneiro de um campo de trigo. Só a manhã resgataria seus traços dos meus, ou o aconchego quase triste da casa sozinha. Ela de repente brincou com os cabelos e eu pensei em dizer: não brinque com fogo. Confesso que a menina ria do meu despreparo, das minhas mãos que não sustentam nada, do meu pouco tamanho, mas ela perdia em todas as batalhas. Mesmo que fossem quase sempre batalhas de papel, batalhas de festim. Podia chover, foi o que ela disse então,ensolarada, e se apegou a mim como se eu a colhesse. O dia, porém, seguiu a fogo brando, a passos lentos, imitando a forma muito branca daquelas pernas.


6 comentários:

  1. Lindo texto!

    Mas...Poxa, pq ninguém nunca poetiza o tom castanho?!? rsrs

    ResponderExcluir
  2. As ruivas são as melhores! (2).
    Thallyta

    ResponderExcluir
  3. é o seguinte zé.. gostava mais desse blog quando ele era atualizado com mais frequência. ta ficando sem graça entrar aqui todo dia, embora os poucos textos continuem me agradando muito. entendeu? beijos!

    ResponderExcluir

pode falar, eu não estou ouvindo