segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Diálogo de uma chuva


- aqui chove bem.
- aqui nem tanto.
- não chove?
- chove mau.
- qual o problema?poucas gotas?
- antes fosse. gotas demais.
- molharia a bobos e espertos?
- essa chuva? Só molharia pessoas medianas.
- aqui molharia a todos.
- a todos? Bobos e espertos, altos e magros, carecas e cabeludos? Presidentes de países árabes?
- a todos, menos às bailarinas.
- aqui só se fossem bailarinas medianas.
- aqui chove há uns poucos minutos.
- aqui há horas
- e já há estragos?
- tremendos.
- casas partidas? carros afogados?
- não. Poemas.
-dos trágicos? Longos e áridos?
- antes fossem. Dos patéticos. Curtos e úmidos.
- então é melhor ir embora.
- e como? não quero me molhar
- não vai se molhar.
- é? Acha que não sou uma menina mediana?
- não. Acho que é uma bailarina.

5 comentários:

  1. Mais um momento em que eu não sei direito o que eu quero comentar, mas comento mesmo assim. Boa, Zé.

    (e estou fazendo referências cruzadas com a ciranda da bailarina agora...)

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  2. diálogos bons são bons demais.


    (e chuva é poesia em-si, o tempo todo)

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  3. Zé, adorei o texto... Você é um sucesso! rsrs

    Eu queria tanto conseguir escrever poemas, esses dias pensei... e pensei no que você me diria sobre...

    Acho que vou tentar..

    =***

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  4. Aneim, Zé.
    Tem hora que sua poesia me cala. Tanto qt Clarice.

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  5. Simplesmente impressionante. Ótimo texto.

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pode falar, eu não estou ouvindo