Certo de que faria efeito em suas investidas e considerações, o homem pecava pela imprudência: mas a pedra, constantemente em si, acatava-lhe tanto o toque quanto o desvio, por que era de sua natureza acatar. Ele tomava isso por aceitação e se enganava. A pedra acatava sem aceitar. Sua entrega era sua resistência. O homem, atordoado, por vezes a atirava contra os outros, carregava-lhe nas costas, guardava-lhe nos bolsos ou a encontrava dentro dos sapatos. Era doloroso. Muitas vezes tentou atingi-la, quase sempre com sucesso, mas era ele quem se feria. No beijo duro, no abraço ríspido, no corte cego. A pedra, entretanto, permanecia ao seu lado, sincera e fiel – não se movia, não se desprendia dele. Estava onde ele a deixasse, acompanhava-o para onde fosse, como um cão ou uma esposa. Na tristeza ou na ventura do homem, a pedra o seguia profundamente. Em seus movimentos de angústia ou de júbilo, quando ele estava sozinho ou acompanhado. A pedra acatava-lhe tanto o defeito quanto a virtude – era, pois, de sua natureza acatar. E o homem se acreditava novamente no controle, com a pedra entregue em suas mãos. Tolo... Sua entrega era sua resistência.
Fiz uma associação estranha com o Bidu falando com a pedra, mas foi rápido e já passou.
ResponderExcluirNossa, pensei tanta coisa que ficou difícil comentar...
ResponderExcluirE você sabe porque eu pensei tanta coisa né?
"A pedra, entretanto, permanecia ao seu lado, sincera e fiel – não se movia, não se desprendia dele. Estava onde ele a deixasse, acompanhava-o para onde fosse, como um cão ou uma esposa" - me lembrou um livro que eu tô lendo aí... =)
beijos, zé