I. Uniban
Então, senhoras e senhores, eu fico bastante surpreso com a repercussão negativa do acontecido na Uniban. As pessoas, essas críticas profundas da sociedade, demonstram seu estarrecimento diante de tamanha falta de civilidade, do comportamento animalesco daqueles estudantes. Ora, que diabo de estarrecimento é esse? Se vivemos em um mundo que preza a inconsciência, que nos convida ao ócio contínuo, que eleva ao grau de celebridade qualquer pessoa que se destaque por bizarrices, que cultua como deuses atores cuja melhor qualidade é fingir serem o que não são, que coloca nas mãos de empresário instituições de ensino, que abomina o estudo e o esforço e é conivente com a corrupção e a dissimulação, que dá mais valor a carros que a pedestres, a casas que a moradores, a roupas que a pessoas... Se vivemos em um mundo que procura atiçar sempre o nosso lado mais instintivo, que cria religiões castradoras e leis abstratas ao mesmo tempo que estampa bundas em outdoors e criminosos em pôsteres de cinema, que prefere se deleitar com brigas de casais a se esforçar para ler, que morre em concursos públicos com o sonho de ganhar sem trabalhar, que tem orgulho de ser massa indissociável e impulsiva... Se vivemos em um mundo assim, por que a surpresa diante da reação daqueles jovens adultos na Uniban? O que vocês queriam? Que eles agissem como seres humanos? Ha ha ha
II. Teoria da infantlização tardia
Muito se fala e muito pouco se faz a respeito do amadurecimento precoce dessas novas gerações. O mais comum é atribuir tudo ao advento da nova realidade, do mundo contemporâneo e lero lero, e tratar como se os resultados das nossas ações e escolhas fossem na verdade passos naturais e apenas observáveis da história humana. É raro ouvir indagações como “O que podemos fazer para que as crianças não percam a infância?”, mas são recorrentes outras tais do tipo “ Como agir em um mundo onde as crianças não têm mais infância?” ou “ 10 maneiras de tratar sua criança sexualmente precoce” ou ainda “ Como montar o figurino da sua criança sexualmente precoce para que ela não seja tão vulgar?” Ou seja, em menos palavras: certos problemas deixam de ser vistos como problemas e passam a se enquadrar na condição de adventos naturais aos quais devemos nos adaptar. Muito se tem falado sobre isso também.
Mas muito pouco se tem falado e, obviamente, nada se tem feito a respeito de outro processo concomitante a aquele – a infantilização dos adultos. Se as pessoas estão se tornando biologicamente e socialmente adultas mais cedo (não disse psicologicamente, mas socialmente, no sentido de que a sociedade tem possibilitado à crianças cada vez mais novas o acesso a valores antes restritos aos adultos), é um fato observável que elas estão deixando de amadurecer cada vez mais cedo. Como num estirão de crescimento; desenvolvem-se super rápido, queimam etapas e, de repente, param, ficam estagnados ali na faixa dos 16 anos. Então vemos homens de quase 30 fazendo parte de clubes de videogame, divertindo-se adoidado com filmecos pornôs, brigando em estádios, estacionando no meio da calçada, mijando na rua, com sérios problemas para resolver coisas simples como pedir uma mesa num restaurante, aceitar limitações sociais necessárias ou conviver civilizadamente. Ou, do outro lado, mulheres crescidinhas que pautam suas vidas segundo arquétipos de revistas femininas e novelas, esperam príncipes encantados, vivem inseguras com o próprio corpo e não querem ter filhos por que têm medo de engordar demais. Ou ainda pessoas se comportando como bandos de macacos...
Mas muito pouco se tem falado e, obviamente, nada se tem feito a respeito de outro processo concomitante a aquele – a infantilização dos adultos. Se as pessoas estão se tornando biologicamente e socialmente adultas mais cedo (não disse psicologicamente, mas socialmente, no sentido de que a sociedade tem possibilitado à crianças cada vez mais novas o acesso a valores antes restritos aos adultos), é um fato observável que elas estão deixando de amadurecer cada vez mais cedo. Como num estirão de crescimento; desenvolvem-se super rápido, queimam etapas e, de repente, param, ficam estagnados ali na faixa dos 16 anos. Então vemos homens de quase 30 fazendo parte de clubes de videogame, divertindo-se adoidado com filmecos pornôs, brigando em estádios, estacionando no meio da calçada, mijando na rua, com sérios problemas para resolver coisas simples como pedir uma mesa num restaurante, aceitar limitações sociais necessárias ou conviver civilizadamente. Ou, do outro lado, mulheres crescidinhas que pautam suas vidas segundo arquétipos de revistas femininas e novelas, esperam príncipes encantados, vivem inseguras com o próprio corpo e não querem ter filhos por que têm medo de engordar demais. Ou ainda pessoas se comportando como bandos de macacos...
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ResponderExcluirsensacional sua colocação, nada retrata melhor o q vivemos hoje... achei inconcebível o que aconteceu na Uniban, e o que mais me impressiona é ver telejornais discutirem o tamanho da roupa da menina ou quão justa o era, como se algo justificasse tamanha hipocrisia ou falta de limites...
ResponderExcluirAdoro seu blog, sou uma visitante assídua. Adorei a reflexão!!!!!
E entre em blogs, veja os comentários sobre o tema. Muita gente defendendo os caras e acusando a menina de ter "provocado". É um mundo muuito assustador esse aí fora, sério.
ResponderExcluir(e ainda existe o conceito de adulto? hoje em dia eu vejo mais em termos de "adolescentes que podem alugar pornô e comprar carros")
Tinha escrito um comentário gigante aqui aí foi e deu pau... mas enfim, gostei muito, que bom ver a teoria finalmente em formato de texto (apesar de não ter gostado de como terminou).
ResponderExcluirSobre a Uniban: eh o bulling chegando nas universidades. Parece aqueles filmes ridiculos de High School da sessao da tarde.
infanTLIzação??
ResponderExcluiroops.