Nova Programação da Tv Aberta

Os novos participantes do BBB me perseguiram por esses dias. Estavam estampados na minha página principal, descritos em uma boa dúzia de blogs, sorrindo afirmativamente nas matérias dos jornais diários daqui da cidade, aparecendo continuamente na televisão, sendo citados nas conversas de ponto de ônibus. Pois é, a ubiqüidade dos “brothers” me faz pensar sobre quem mesmo está sendo vigiado. Como também me deixa compadecido pelos produtores e empresários da Globo, que devem estar passando por uma crise criativa tremenda. Essa é a única explicação plausível para chegarem à décima edição de um mesmo programa cujo apresentador continua sendo o Pedro Bial. Por isso, e em seqüência a um texto do João, proponho aqui algumas idéias de sucesso para dar uma renovada na nossa sempre renovadora televisão aberta:

Radical Hermeneutic Change: Inspirado no já tradicional filão de reality shows que fazem transformações radicais no vestuário / corpo / modo de vida das pessoas, apresento esse projeto ousado de mudança paradigmática nas estruturas cognitivas de percepção da realidade das beldades. Ao invés de mulheres feias que querem ficar gostosas, ou pessoas mal-vestidas que querem ficar na moda, que tal se reuníssemos mulheres jovens, belas e tontas com a missão de transformá-las em filósofas livre-pensantes? Em substituição à patricinha curvilínea e um gay nordestino que apresentariam o programa, que tal uma PHD em Hermenêutica e um gay paulistano com pós-doutorado em Habermas e viciado em heroína? O sucesso seria garantido.

Fala que eu te expulso: Como todo mundo sabe, uma das grandes fissões causadas pela Reforma Protestante, lá na época em que Martinho (o Lutero, não o da Vila) panfletava loucamente pela Alemanha, foi a que retirava o padre ou a Igreja da função de mediadores entre Deus e os homens. Hoje o conceito talvez esteja um tanto confuso, mas a idéia básica era de que os fiéis não precisavam de intermediários para ler a Bíblia, ou para receber a palavra de Deus. Pois bem, da mesma forma, os pastores-apresentadores das televisões brasileiras podiam revolucionar seus programas noturnos. O Fala que eu te expulso seria um Fala que eu te escuto adequado à essa característica crucial do protestantismo: para que falar com os fiéis, se podemos falar diretamente com os encostos? Iniciaríamos a era de sessão descarrego via telefone. Os encostos poderiam telefonar, ser exorcizados, sem precisar aparecer na tela com aquela incômoda cara borrada.

Especial Fátima Bernardes de fim de ano: É sério. Sempre me pergunto por que a Fátima Bernardes nunca ousou participar de outros programas da emissora. Afinal, ela é a única apresentadora bonita que aparece todos os dias em horário nobre na Globo e ainda não foi protagonista da Malhação, não posou nua ou participou de algum filme com o Didi. Acho que a Fátima merecia um especial de fim de ano, para que ela cantasse, dançasse, encenasse alguma coisa e aparecesse pelo menos uma vez de saia. Ela poderia chamar convidados especiais como o Arnaldo Jabor e o Dimenstein, ensinaria as receitas favoritas do Bonner, daria dicas sobre penteado e palpites sobre os novos BBBs. Quem assiste o JN percebe que, debaixo de toda aquela pose, ruge uma musa querendo seu próprio especial de fim de ano.