1.Compre um carro grande
A tradicional cultura goiana nos ensina a compensar tudo com carros. Se você anda de ônibus, ou já andou duas ou três vezes na época da faculdade, diga que não vê a hora de ter seu próprio carro. Se você não pega ninguém, tenha a certeza de que pegará quando estiver motorizado. Se seu filho passou para engenharia civil na UFG, dê-lhe um Gol. Se passou para direito em faculdade particular, dê-lhe um New Beetle. Se a sua mulher te traiu, compre um carro esporte, se você está traindo sua mulher e a consciência pesou, dê-lhe um carro. Se você não teve estudo, ou teve e nem percebeu, e conseguiu ficar rico com gado, cursos preparatórios pra vestibular, boates ou tráfico de mulheres, então compre uma camionete. A maior que encontrar. E como a cidade está inchada de carros, com sobrecarga mil vezes além de sua capacidade, estacione sua camionete em cima da calçada, no canteiro, na rotatória. Fure o sinal, não respeite a sinalização e, sobretudo, negue carona, dirija sempre sozinho e utilize sua Nissan Frontier 4X4 capaz de subir montanhas e atravessar desertos para ir à locadora no final do quarteirão locar Transformers II ou filmes pornôs com mulheres e cavalos.
2.Freqüente as boates e bares da estação
Ter um estabelecimento de lazer noturno em Goiânia deve ser uma experiência próxima à ejaculação precoce ou a uma morte fulminante por AVC. A rapidez com que um bar ou uma boate surge, vira o point da moda, decai, desaparece e dá lugar a uma igreja evangélica é fascinante. Por isso, o verdadeiro chic goianiense precisa se manter sempre informado. Alguns sinais indicam quando determinado novo lugar vai ou não se tornar moda: o nome em inglês, a decoração exterior não condizente com a interior, a tradição de boates naquele local, o preço abusivo que se cobra pra vigiar os carros e a quantidade de Nissans Frontiers estacionadas nos dias de movimento. E de loiras em saltos altos saltando dessas Nissans ao celular com as amigas. É preciso ficar muito atento também para deixar de freqüentar aqueles bares e boates que estão em decadência. Assim que passarem duas semanas da existência do estabelecimento, comece a achá-lo fim de carreira e procure um próximo.
3.Beba despropositadamente
Na verdade, brasileiro nem bebe tanto assim. Alguns estudos comparativos mostram que nós perdemos de longe para alemães, irlandeses, franceses e etc. Imagino também que os goianienses não estão entre os mais beberrões do país. No nosso caso, porém, a questão não é a quantidade mas a oportunidade. Um goiano está preparado para beber em qualquer situação.De despedidas de solteiro a chás de berço, de aniversários de criança a consultas odontológicas. Sempre que houver possibilidade de aglomeração de goianienses, prepare a cerveja. Não se esqueça ainda de falar que bebe, e falar que bebe muito. Dá status. Torne o assunto porres, bebedeiras e cerveja uma constante em seus círculos de amizade. Conte para seu analista das noites alcoolicas em Inhumas. Um fenômeno curioso e cheio de glamour protagonizado pela juventude da capital é a cultura de ir beber em postos de gasolina. Alguns postos, inclusive, são mais requisitados que boates e bares. Talvez apenas na minha mente a mistura posto de gasolina e bebida alcoólica possa ser comparada a, sei lá, fumar um cigarro num depósito de pólvora ou usar um crucifixo numa mesquita. Funciona assim: você estaciona com sua Nissan Frontier 4X4 no posto da esquina de casa, arranja mesas amarelas de plástico, compra vodca, liga o som alto, chama seus brothers, algumas loiras de mini-saia e vira a madrugada bebendo. Depois, pega a Nissan Frontier, coloca umas duas loiras e quatro brothers e capota na rotatória. Se você sobreviver, conte a aventura para os amigos. Eles vão te achar o máximo.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
3 dicas para ter status em Goiânia
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Saudades suas, Zé!
ResponderExcluirMas tenho mais saudades ainda da época que morava aí, dos programas nerds, das não-bebedeiras. E, principalmente, de morar na casa da minha mãe. Se morasse em algum lugar de graça hoje, já teria juntado grana para minha Frontier. =(
KKK Zé, Bom demais esse texto, to rindo aqui!
ResponderExcluirAdorei o sarcasmo encima de coisas óbvias para nós, goianos.
(Mayara)
Baita familiaridade com o contexto, acho que Viçosa era um pouco Goiânia então.
ResponderExcluir"Fure o sinal, não respeite a sinalização e, sobretudo, negue carona, dirija sempre sozinho e utilize sua Nissan Frontier 4X4 capaz de subir montanhas e atravessar desertos para ir à locadora no final do quarteirão locar Transformers II ou filmes pornôs com mulheres e cavalos."
Brilhante.
Vai virar hino dos goianos não-praticantes. Adorei.
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é verdade, Zé...
ResponderExcluirmas pq tanta raiva das loiras!?
Muito bem detalhado! Assim como soletrar g-o-i-a-n-o-s!
ResponderExcluirMuito bem detalhado! Assim como soletrar g-o-i-a-n-o-s!
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