terça-feira, 25 de maio de 2010

pequeno devaneio #1




Ele havia desistido em uma terça-feira. Mas não avisou a ninguém. Esperou terminar seu horário no escritório, colocou as coisas na pasta como sempre fazia, despediu-se dos colegas do escritório com um “até amanhã”, e eles, como sempre, não responderam. Antes de sair, a secretária perguntou se poderia confirmar a reunião de quinta-feira. Ele assentiu com a cabeça. A moça com quem saía mandou mensagem perguntando se estava tudo certo para a noite, e ele respondeu que sim. No caminho para casa, comprou botas e uma mochila. Chegou em casa, respondeu e-mails, preparou um lanche, tomou um banho, passou canais de tv por alguns minutos. Calmamente. Vestiu-se, pegou alguma roupas no armário, ligou para o aeroporto e comprou uma passagem só de ida para o Turcomenistão.

A bateria de seu celular acabou definitivamente quatro dias depois. Por algum milagre tecnológico, ele tocou um pouco antes de desligar. Era o chefe, e estava possesso. Queria saber das planilhas, do resultado da reunião sobre a compra de novas cadeiras, do atraso no relatório sobre os planos de vendas. Gritou e bravateou, dizendo que ele era um irresponsável e que não poderia mais viver assim. Ele escutou a tudo sem responder. À sua frente, a estepe asiática se estendia infinitamente. Havia neve caindo e um boi de chifres retorcidos mugia na distância.

6 comentários:

  1. Opa, estou aqui com o primeiro desentendimento.
    Antes de mais nada, quero dizer que as primeiras vaquinhas eram mais simpáticas, mas essas chifrudinhas também não deixam à desejar.
    Agora quanto ao texto...
    ... Quantos de nós já não desejamos um dia ser tão corajoso, ou tão louco?
    Abração Zé!

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  2. Vontade de fugir e largar tudo é algo que a gente sente todo dia. Por isso o PS2 em casa (eu sei, eu sei, eu deveria me prender a algo mais profundo, mas é o que eu tenho hoje)

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  3. Eu sei que talvez seja algo provavelmente óbvio e nem espero que ninguém responda... Mas se a vontade de fugir existe e às vezes de forma muito intensa, o que nos prende é só a falta de coragem? o que faz com que o hoje seja tão parecido com o ontem e com o amanhã?

    E, Zé, eu acho que você e as palavras, juntos, podem dominar o mundo e eliminar os livros de auto-ajuda! haha. =*

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Se ganhar mais um comentário sai post novo?

    P.S: As outras vaquinhas eram mesmo mais bacanas. Tente pandas da próxima vez, ou bebê esquimós.

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  6. éS UM EXCELENTE CONTADOR DE HISTÓRIAS, PODERIAS TRANQUILAMENTE TE DEDICAR A HISTORIAS INFANTIS QUE A MIUDADA IRIA ADORAR...eLES SE RESSENTEM DE UM VÁCUO NA LITERATURA INFANTIL...
    ATÉ SEMPRE E NÃO DEIXE DE FAZER-ME UMA VISITA AO BLOG...

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pode falar, eu não estou ouvindo