Hoje foi cedo, eu ia pela curva da praça cívica, com o frio até o pescoço e o pescoço no agasalho. Havia ainda pouca gente nas calçadas e só então acordavam os carros nas garagens. Um vendedor de pequenezas e uma senhora com uniforme de secretária foram cúmplices do que vi. O posto de gasolina da esquina em frente terminava de receber o último frentista, uma esquadrilha de pombos se refazia da noitada anterior, um ônibus passou semi-vazio. Então eis que eu, o vendedor e a secretária, ouvimos uma música alta e compassada. De repente, desce pela avenida um fuscão azul-bebê, a 40 por hora, rebolando nas rodas. Havia uma pintura de águia no capô e dentro, um rapaz negro, de óculos escuros, camisa cavada, amarela e vermelha, rastafari macarrônico. Com um sorriso branquíssimo, ele mexia os ombros ao som de Bob Marley. Buffalo Soldier,win the war for America. Parou no sinaleiro, a rua vazia, depois desapareceu numa entrada, deixando o rastro da canção pelo caminho. Não sei o que o vendedor ou a secretária pensaram, mas eu fiquei me perguntando de onde diabos surgiria um cara assim numa sexta-feira, às dez pra seis da manhã? E o pior: pra onde diabos ele ia?
If you know your history Then you would know where you coming from Then you wouldn't have to ask me Who the heck do I think I am I'm just a Buffalo Soldier In the heart of America Stolen from Africa, brought to America Said he was fighting on arrival Fighting for survival Said he was a Buffalo Soldier Win the war for America
Aqui no Rio o mesmo carro tocaria Buffalo Bill.
ResponderExcluirÉ um mundo assustador esse aí fora.
Aqui no Pará o carro tocaria Calypso; mas eu ja estou acostumada. Pelo menos era Bob Marley rs.
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