Futebol não é minha área. Mas aí vai um texto do victor que vale a pena ( tudo bem que eu pedi a ele que escrevesse algo sobre filosofia, cinema ou qualquer outra coisa, mas o que fazer?)
O dia 24 de novembro de 2010 ficará para sempre na memória dos esmeraldinos. Neste dia, nos reerguemos da lama para brilhar com orgulho no meio de gigantes. As lágrimas que o rebaixamento nos fez derramar transformaram-se num largo sorriso, na alegria que só sentem aqueles que venceram uma árdua batalha. Foi um dia também em que, mais uma vez, a velha humildade deu uma lição na sua irmã mais nova, a soberba.
A humildade sempre caminhou de mãos dadas com o Goiás, porque foi da mesma que nasceu nosso orgulho. A crescente disparidade do clube diante dos rivais goianos e o desenvolvimento financeiro que alcançou fizeram com que torcida e dirigentes se esquecessem desse fato. Porém, o destino trabalhou ironicamente ao nosso favor. No momento de maior tristeza, de maior humilhação no ano, tivemos também uma grande conquista.
Por isso penso que esse é o momento exato para fazermos uma viagem no tempo. Então, sem mais delongas, estamos no dia 11 de dezembro de 1965. É um sábado a tarde. Goiás e Riachuelo entram no estádio Olímpico para fazer a primeira de duas partidas que definirão quem permanecerá na primeira divisão do Campeonato Goiano. O esmeraldino tenta juntar os cacos de uma temporada desastrosa, na qual vultosos investimentos para buscar a primeira taça da história do clube haviam sido em vão. Com direito ao abandono do jogo por parte do técnico Tomazinho, os jogadores alviverdes respiram aliviados com o empate sem gols.
Agora estamos no dia 14 de dezembro do mesmo ano, uma terça-feira. Sebastião Macalé, jovem de apenas 17 anos das canchas esmeraldinas, já enfrenta a primeira fogueira da carreira. O jogo contra o Riachuelo decide mais do que a permanência na primeira divisão goiana. O Goiás joga também para fugir da extinção. Joga para manter vivo o sonho de Lino Barsi e da família Segurado.
É noite. Chove forte e venta muito no Olímpico. Aos 14 minutos, Marrom abre o placar para o Verde. Eurípedes aumenta em seguida. A queda da energia apaga os refletores, mas a luz naquela noite estava no coração dos esmeraldinos. Finada a paralisação, Roberto Bim, Silval e Marrom novamente fecham a goleada. Goiás 5 x 1 Riachuelo. O esmeraldino se salva no Torneio da Morte.
Agora vamos ao dia 2 de outubro de 1966. É um domingo ensolarado. Joel, Baltazar, Macalé, Japonês, Dias, Pacuzinho, Índio, Eurípedes, Sinval, Marrom e Paulinho entram em campo para enfrentar o Vila Nova. A partida vai decidir quem será o campeão goiano da temporada. No estádio, as camisas vermelhas predominam.
Sinval faz bela jogada no meio e passa a bola para Marrom. O atacante bate para o gol, a bola desvia na zaga e morre no fundo das redes. Urias Crescente apita o final do jogo. O Goiás vence o eterno rival por 4 a 2 e conquista o primeiro título de sua história. Vinte e três anos de lágrimas, dor e decepção passam como poeira ao vento, simplesmente evaporam diante do brilho daquela taça.
E aquele 24 de novembro de 2010? Pacaembu lotado, 38 mil vozes gritando contra. São jogados 36:41 do segundo tempo. Otacílio domina bola na meia esquerda, espera a passagem de Marcão e toca no zagueiro. Ele levanta a bola na área, Rafael moura escora de cabeça e Ernando (zagueiro da base, como Macalé) flutua no ar para arrematá-la ao fundo das redes. E lá ela ficou. Talvez fique lá para sempre.
Nossa história não é a da soberba. Nossa história é a da humildade. Como bem disse Albert Camus, o futebol nos ensina que se deve aprender a ganhar sem se sentir deus, e também perder sem se sentir um lixo. Palavras que parecem ter sido ouvidas pelo sensato Artur Neto. Em entrevista coletiva, ele reconheceu que o Palmeiras era o favorito da partida, mas que nunca deixou de acreditar na vitória e trabalhou no sentido de passar isso para os jogadores.
Essa velha senhora sempre esteve com o Goiás, observando e aconselhando quando preciso. Ela não chegou ao disparate vestir a camisa, pois não nos pertence apenas, mas já ganhou alguns jogos pra nós sim. E nesse reencontro com a história pudemos conversar novamente. Como disse um amigo querido, tudo que é finito é ilusório. Mas nossa paixão, meus caros esmeraldinos, não tem hora marcada para acabar.
Victor Hugo de Carvalho Caldas
A humildade sempre caminhou de mãos dadas com o Goiás, porque foi da mesma que nasceu nosso orgulho. A crescente disparidade do clube diante dos rivais goianos e o desenvolvimento financeiro que alcançou fizeram com que torcida e dirigentes se esquecessem desse fato. Porém, o destino trabalhou ironicamente ao nosso favor. No momento de maior tristeza, de maior humilhação no ano, tivemos também uma grande conquista.
Por isso penso que esse é o momento exato para fazermos uma viagem no tempo. Então, sem mais delongas, estamos no dia 11 de dezembro de 1965. É um sábado a tarde. Goiás e Riachuelo entram no estádio Olímpico para fazer a primeira de duas partidas que definirão quem permanecerá na primeira divisão do Campeonato Goiano. O esmeraldino tenta juntar os cacos de uma temporada desastrosa, na qual vultosos investimentos para buscar a primeira taça da história do clube haviam sido em vão. Com direito ao abandono do jogo por parte do técnico Tomazinho, os jogadores alviverdes respiram aliviados com o empate sem gols.
Agora estamos no dia 14 de dezembro do mesmo ano, uma terça-feira. Sebastião Macalé, jovem de apenas 17 anos das canchas esmeraldinas, já enfrenta a primeira fogueira da carreira. O jogo contra o Riachuelo decide mais do que a permanência na primeira divisão goiana. O Goiás joga também para fugir da extinção. Joga para manter vivo o sonho de Lino Barsi e da família Segurado.
É noite. Chove forte e venta muito no Olímpico. Aos 14 minutos, Marrom abre o placar para o Verde. Eurípedes aumenta em seguida. A queda da energia apaga os refletores, mas a luz naquela noite estava no coração dos esmeraldinos. Finada a paralisação, Roberto Bim, Silval e Marrom novamente fecham a goleada. Goiás 5 x 1 Riachuelo. O esmeraldino se salva no Torneio da Morte.
Agora vamos ao dia 2 de outubro de 1966. É um domingo ensolarado. Joel, Baltazar, Macalé, Japonês, Dias, Pacuzinho, Índio, Eurípedes, Sinval, Marrom e Paulinho entram em campo para enfrentar o Vila Nova. A partida vai decidir quem será o campeão goiano da temporada. No estádio, as camisas vermelhas predominam.
Sinval faz bela jogada no meio e passa a bola para Marrom. O atacante bate para o gol, a bola desvia na zaga e morre no fundo das redes. Urias Crescente apita o final do jogo. O Goiás vence o eterno rival por 4 a 2 e conquista o primeiro título de sua história. Vinte e três anos de lágrimas, dor e decepção passam como poeira ao vento, simplesmente evaporam diante do brilho daquela taça.
E aquele 24 de novembro de 2010? Pacaembu lotado, 38 mil vozes gritando contra. São jogados 36:41 do segundo tempo. Otacílio domina bola na meia esquerda, espera a passagem de Marcão e toca no zagueiro. Ele levanta a bola na área, Rafael moura escora de cabeça e Ernando (zagueiro da base, como Macalé) flutua no ar para arrematá-la ao fundo das redes. E lá ela ficou. Talvez fique lá para sempre.
Nossa história não é a da soberba. Nossa história é a da humildade. Como bem disse Albert Camus, o futebol nos ensina que se deve aprender a ganhar sem se sentir deus, e também perder sem se sentir um lixo. Palavras que parecem ter sido ouvidas pelo sensato Artur Neto. Em entrevista coletiva, ele reconheceu que o Palmeiras era o favorito da partida, mas que nunca deixou de acreditar na vitória e trabalhou no sentido de passar isso para os jogadores.
Essa velha senhora sempre esteve com o Goiás, observando e aconselhando quando preciso. Ela não chegou ao disparate vestir a camisa, pois não nos pertence apenas, mas já ganhou alguns jogos pra nós sim. E nesse reencontro com a história pudemos conversar novamente. Como disse um amigo querido, tudo que é finito é ilusório. Mas nossa paixão, meus caros esmeraldinos, não tem hora marcada para acabar.
Victor Hugo de Carvalho Caldas
Zé, tem um texto sobre futebol no SEU blog.
ResponderExcluir[achei bom, enfatizar. hahaha]
"A humildade sempre andou de mãos dados com o Goiás." Hummm...
ResponderExcluirEu não sou fã do Goiás, mas o anônimo claramente não terminou de ler texto.
ResponderExcluirsou vila.
ResponderExcluirBelo texto, adicionando testosterona na página inicial do blog, gostei.
ResponderExcluirE saudade dos tempos em que dava pra ver um cara chamado "Pacuzinho" em campo...
O Zé conseguiu me fazer um texto sobre futebol... confesso que enrolei pra começar e até pensei em desistir na metade, por causa do demonstrado amor a causa do autor.
ResponderExcluirFelizmente, terminei o texto achando muito bom e vendo o trunfo de alguém que soube fazer uma narração de jogo sem soar uma... uma perda de tempo. Os amantes da bola que me perdoem, eu até gosto um pouco, mas é assim que muitas vezes eu entendo tudo isso.
Ps.kkkkk To dando trela de rir com a fala do João!