Não é matéria que ensinam no colégio, mas consta no currículo das fugas de aula, das festas escondidas, do truco e das bebedeiras. Azar o meu de ter sido moleque de vidro - nada do que eu vivi me ensinou a comemorar. Sou do tipo chato que fica quieto diante das próprias conquistas, como alguém que comete um crime e não corre, como o menino que guarda o brinquedo e não abre. Gritam por mim quando ganho, abraçam-me emocionados quando me emociono. Não fico rouco, não tenho insônia, não rio alto e nunca gritei gol a todo pulmão, no meio do bar, colhendo amigos nos braços. Gostaria de ter o sangue menos ralo e frio, gostaria de poder me soltar, de não ser tão cinza, tão neutro. Mas não consigo. Olho como se desconsiderasse, sorrio fino como se permitisse, sofro por dentro como se berrasse, e não dou um pio. Mas não se engane, menina, não se engane! Eu estou vivo. Estou muito vivo. E sozinho no quarto, longe das vistas, por um segundo apenas, danço minha dança solitária, que é mistura de soluço e sorriso. A minha alegria é só um suspiro. De alívio.
Pq ouvidos mudos?
ResponderExcluir(:
ResponderExcluirbem lindo.
E eu sou o som da sua festa. Nada é tão em vão. =D
ResponderExcluirFruto de sua orientação sexual.
ResponderExcluirMuito bom, mas quase chorei. Quando chegou a parte da dança solitária, imaginei logo um gordinho dançando no quarto, sozinho, escondido, aqueles passos fenomenais que nunca serão vistos. Enfim, falando em dancinhas fenomenais, assista:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=kr7djGY1fhA
Por que tão bicha?
ResponderExcluirVocê sabe que seu lirismo tá surtindo efeito quando seus amigos começam a questionar sua opção sexual assim, na cara, na frente da sua namorada e da sua família.
ResponderExcluirInsisto, pq ouvidos mudos?
ResponderExcluirSeu texto é ótimo! Tenho a mesma sensação, mas nunca soube explicar tão bem! Parabéns!
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