O fim do mundo é um dos fetiches
favoritos do nosso tempo, ao que nos diga aquele bafafá todo de 2012 e etc. Mas,
preocupados demais em criar frases publicitárias inteligentes e filmes de
desastre natural, acabamos por não perceber um aspecto interessante da
mitologia mexicana antiga:
Os astecas (e imagino que também os
maias) acreditavam que, de tempos em tempos, o mundo acabava. Ou seja, não era
um fim definitivo de todas as coisas, mas o culminar de uma etapa e o início de
outra diferente.
Também os hindus entendem que cada era do universo corresponde
a um dia na vida de Brahma, o deus da criação. Quando ele dormir, o universo
desaparece, para reaparecer novo depois, quando ele acordar.
Mesmo os vikings entendiam que,
depois do Ragnarok (o fim do mundo nórdico), quando deuses e gigantes lutariam
até a morte, novos deuses e novos seres surgiriam com o amanhecer.
Há ainda outra mitologia que nos
ensina que todo fim precede um recomeço: a ciência. Análises geológicas e
arqueológicas mostram que a vida na Terra sofreu vários grandes traumas –
meteoros, eras glaciais, chuva de enxofre etc. - e,
depois, ressuscitou de modos distintos.
Mas, apesar disso tudo, em algum
momento nós perdemos a noção do ciclo, e passamos a achar que a nossa estrada é
reta, que nossos passos nos levam só para frente ou para trás. Perdemos a
ciranda, a simples e cabal convicção de que estamos dançando e não caminhando.
E nos levamos tão a sério que achamos que o nosso fim seria o fim de tudo.
Curiosos tempos são os nossos; tanto orgulho por termos descoberto que a Terra é redonda, e ainda acreditamos que a
vida é plana.
Muito bom, hein, Zé? (e sempre me impressiona essa vibração "bug do milênio" que o pessoal quer manter viva a todo custo, seja em 2000, em 2012 ou na próxima data shuffle que arranjarem)
ResponderExcluir