Ao me aproximar da casa, vindo pelo quintal abandonado, era
possível sentir que lá dentro alguém morria. Não de morte fulminante, não de
morte anunciada, talvez de morte pretendida, por anos planejada como uma viagem
de férias. Na varanda havia um entulho de sombras e roupas rasgadas, um
amontoado de pedaços de coisas velhas, um relógio de pulso, sapatos pretos, uma
vassoura. Eu subi as escadas e bati na porta. Pelo vidro escuro da janela, supus
que alguém me via. Mas não, a casa estava vazia. Então fitei impacientemente as
tralhas esquecidas do lado de fora; um vestido antigo, boneca de pano, álbuns
de fotografia, uma xícara de café, olhos de vidro, um velho manequim de pernas
tortas. A tarde sorriu de sol e eu recuei assustado: aquele entulho no canto da
sacada era uma pessoa morta.
a curiosidade matou o gato e assustou seu eu-lírico!
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