quinta-feira, 21 de agosto de 2008

a volta dos dias todos






A segunda voltou das férias e os outros dias se espantaram:
- Ora, nenhuma corzinha? Voltou mais branca do que foi.
Pediram dela todas as explicações, mas a segunda ainda estava meio zonza, meio relapsa. Vestiu a gravata do lado errado, e ao terminar de montar o terno percebeu: ainda estava de sunga.
A terça tentou mostrar a marquinha de biquíni, mas ninguém notou. Ninguém nunca nota a terça-feira. Ela vive assim, desapercebida como um joelho.

A quarta parece que voltou mais gorda. “Andou comidinha”, brincaram as outras feiras, rindo com as mãos nas bocas. A quarta-feira, como todos sabemos, possui uma perna maior que a outra, um olho menor que o outro e um lado mais escuro. É bastante desenvolta. Foi ela quem sentou as amigas na mesa e pôs se a contar, ao mesmo tempo, o que tinha feito nas férias e o quer faria nas próximas.
- Viajei para Hidrolândia, mas nas próximas férias vou para Los Angeles. Joguei peteca com a turma do escritório, mas ano que vem jogo rúgbi com a rainha.

A quinta chegou derrubando a mesa. Trouxe uma pilha de papéis por que, afinal, não teve férias. Dobrou no natal, triplicou no reveillon. Torce para ter um recesso de vinte minutos da próxima vez. A quinta-feira adora a cara que os dias fazem, quando ela reclama da falta de tempo. Nunca pode ficar muito, precisa estar em três lugares ao mesmo tempo. Disse que a segunda é uma frouxa, sempre atrasada. Pisou no pé da terça-feira, puxou a orelha da quarta. Chamou a todos de irresponsáveis e começou uma balbúrdia. Até que, estafada, jogou-se na cadeira, afrouxou a gravata e disse:
- Deixe que a sexta resolva.

Mas as sexta nem veio. Emendou as férias e mandou um postal: Olá amigas, estou na praia com o sábado e o domingo. A moda agora é topless de relógio. Vou ficar por aqui mais um pouquinho, mande um beijo para o dia das crianças. Qualquer coisa, a segunda resolve.

4 comentários:

pode falar, eu não estou ouvindo