quinta-feira, 26 de março de 2009

Um aperto no peito


Sabe solidão, vez ou outra você me cansa. Desmerece meu apelo, minha angústia prateada, quase usada, de brechó. Vez ou outra você se excede, solidão. E eu tenho que te ficar ouvindo a ladainha, velhinha de olhos apertados – a solidão é uma igreja grande dentro do peito, ou um padre triste que reze em latim. Dá uma vontade meio branca de cantar pra alguém ouvir. Mas eu sei que passa. A gente se deixa engolir pelas coisas insensíveis e vai digerindo o tempo, segundo a segundo. Ah, solidão, eu bem podia te dar um chute no meio das pernas que era pra você aprender a ser menos doída.


5 comentários:

  1. Essa solidão sem eufemismos não se mensura e o apego traz o sofrer, sentimos a necessidade de ter, reter e conservar algo e não nos contentamos com apenas vivencia-lo. Nas relações nos ligamos e atribuímos nossos significados e quando afrouxamos os dedos, soltando aquilo que não tem mais valor, a angustia passa e nos sentimos livres. Ao solitário nem o pessimismo nem o otimismo, apenas o controle, um copo com água e pombos voando que já está de bom tamanho...

    abrasss,tosta.

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  2. Então me chama pra chutar também, porque meu sonho era ela ser menos doída. Eu continuo no eterno movimento de me tornar companhia para mim mesma... Empreitada difícil, porém necessária....

    bjussss

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  3. Mas se não for a solidão eu vou ver "How i met your mother" com quem?

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  4. "Apesar de tudo existe
    Uma fonte de água pura
    Quem beber daquela água
    Não terá mais amargura"

    Onde você pensa que está tal água?

    Eterno abraço!

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  5. É um texto primoroso, cara! Dá muito prazer de ler! Tão genuíno!
    Abração!

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pode falar, eu não estou ouvindo