sábado, 3 de outubro de 2009

- Qual sua espécie? - Sou ser humano não praticante.


- Eu sempre me perguntei por que, em filmes de alienígena, os ETs se comportam como seres humanos? Quero dizer, se nós tivéssemos naves espaciais e tecnologia suficiente para nos espalhar pelo universo, como vocês acham que nos comportariamos ao chegar em outros planetas habitados? A criatividade dos roteiristas é capaz do paradoxo de inventar raças alienígenas que avançaram absurdamente no aspecto tecnológico e que se comportam como a torcida do Vila Nova em jogo no Serra Dourada.

- Outra coisa: a ciência se vira e revira tentando nos vincular aos macacos. Tem um fetiche mórbido, meio masoquista, de afirmar que, sim, nós somos iguaizinhos aos orangotangos, aos gafanhotos e aos vermes. Todos viemos da mesma ameba primordial, dizem os cientistas com orgulho, como se não estivessem se ofendendo. Do outro lado, os religiosos adoram, amam, falar que somos servos e súditos de Deus. Os cristãos são os mais curiosos: dizem que os seres humanos são filhos do Divino, mas isso não significa que sejam especiais, não não! Significa que são pecadores sujos. E ovelhas. Somos ovelhas. Os evangélicos inclusive chamam seus ministros de pastores. Rapaz, será que ninguém nunca pára pra pensar por que um pastor cria ovelhas? Quero dizer... qual é a virtude em seguir um cara que vai te escalpelar, usar seu pelo e provavelmente te matar e servir no almoço? Então fica assim: De um lado, somos parentes distantes de macacos, do outro somos ovelhas.

- E tem aquela história do instinto. Os intelectuais, psicólogos e entendidos do assunto chafurdam nas teorias que nos tornam escravos ou tributários exclusivos dos nossos desejos. Entendem, claro, nossos desejos como manifestações puras do instinto. Temos desejo de transar com qualquer coisa, desejo de matar todo mundo e desejo de nos matar, não necessariamente nessa ordem e possivelmente ao mesmo tempo. Mas não se engane: se você por acaso deseja o bem para o seu semelhante, não é por outra coisa senão por uma manifestação indireta do seu instinto de sobrevivência. Afinal, você só faz o bem por que pensa egoisticamente na retribuição. Como um cachorro que dá a pata em troca de uma lingüiça. Sentimentos nobres como o amor são, na verdade, apenas resultado de combinações de hormônios e visam, exclusivamente, atender a carências sexuais e instintivas. Cara, isso pode até explicar shows de pagode, partidas de futebol ou novelas das oito. Mas como atribuir Fausto, do Goethe, Sagarana, do Rosa, a Capela Sistina, Romeu e Julieta, o Parthenon, apenas a uma sopa de hormônios e ao desejo reprimido de transar com cabritos e parentes?

3 comentários:

  1. A coisa sempre fica entre uma explicação espiritual abstrata demais, que parece uma viagem sem tamanho e uma explicação "biologicista" demais que te faz achar que o mundo é uma colméia e as pessoas são só bichinhos bizarros.

    Mas eu ri com a parte dos cabritos.

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  2. é, caro zé... primeira vez q leio teu blog e já pego uma parada que concordo...

    Essa velha discussão obcessiva é até meio doentia... Ninguém sabe de nada. Ninguém é nada. Ninguém é de ninguém. A mesma velha merda de todos os dias. Aceitamos e engolimos isso tudo direto de um mega-liquidificador amarrado na bunda de um cientista/pensador/whatever.

    Por isso somos cabritos E macacos.

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pode falar, eu não estou ouvindo