A rádio universitária sempre me promoveu certa indiferença ressentida. Durante meu período de estudante na UFG, a rádio era uma entidade física, palpável – um local e não uma sintonia. Ficava ali, no meio das árvores do zoológico, e tinha escadas frias, salas vazias e aparelhos velhos. Habitava-a um quê de silencioso, um quê de eco, de domingo pela manhã, de ausência. Eu quase não a freqüentava, enquanto grande parte dos meus colegas se empenhou em seus programas, muito pela experiência que adquiririam e muito pelas horas que constariam no currículo. Apenas ao final do curso, com a corda no pescoço, resolvi participar de um programa esportivo que me garantiria algumas horas e que exigiria de mim só as manhãs de sábado, e de alguns sábados, não de todos.
A indiferença talvez tenha se dado por isso; por essa incompatibilidade de sentimento. O lugar não me agradava. Sentia-o como num misto de consultório odontológico e repartição pública, um lugar cujas paredes e as portas chiavam. Era também curiosa a experiência meio sinestésica de uma rádio se ia mas não se ouvia. Muito bem escondida lá na zona mais cinza da freqüência AM, chiada e difícil de captar, a rádio universitária não fazia parte do meu cotidiano auditivo e nem do de grande parcela daqueles que produziam seus programas. Também havia o fato de eu a ter vinculado fortemente à minha primeira namorada, cujo entusiasmo pela programação e pelas atividades era diametralmente oposto ao entusiasmo pelo nosso namoro ou por mim. Por muito tempo só a idéia de ter que comparecer à Universitária me causava calafrios pela possibilidade de encontrar a moça pelos corredores e salas.
Mas não a desmereço em hipótese alguma, só por que problemas e preferências pessoas me afastaram dela. Na realidade goianiense, a rádio Universitária pode ser considerada um reduto, um oásis de boa música e programas que tentam subir o nível. Ora, as opções FM aqui da capital são dignas de filme trash – sertanejo, evangélicos, cinquentões que se imaginam jovens e o fenômeno fascinante de, num universo tão plural como o da música, você conseguir ouvir a mesma canção sendo tocada ao mesmo tempo em mais da metade das emissoras disponíveis. Foi por isso que dias atrás sintonizei na universitária e peguei o finalzinho de uma seqüência de música clássica. Depois, algumas canções nacionais e, finalmente, uma canção que me chamou muito a atenção. Eu estava no carro, perto das três da tarde, indo sabe-se lá para onde quando me vi repetindo os versos daquela música como se já a tivesse escutado inúmeras vezes. Mas nunca a havia escutado na rádio. Opa, essa música é minha! E era. Eles estavam tocando uma música da minha banda, a Laocoonte. Foi curioso o que eu senti e como eu sorri naquele momento. Olha só, pensei comigo: acabei entrando na rádio universitária por um outro caminho.
Aliás, quem puder me ajudar, vote na minha canção, Conversas com a Meia-Noite, pra ver se ela ganha alguma coisa desse concurso que está acontecendo!
A indiferença talvez tenha se dado por isso; por essa incompatibilidade de sentimento. O lugar não me agradava. Sentia-o como num misto de consultório odontológico e repartição pública, um lugar cujas paredes e as portas chiavam. Era também curiosa a experiência meio sinestésica de uma rádio se ia mas não se ouvia. Muito bem escondida lá na zona mais cinza da freqüência AM, chiada e difícil de captar, a rádio universitária não fazia parte do meu cotidiano auditivo e nem do de grande parcela daqueles que produziam seus programas. Também havia o fato de eu a ter vinculado fortemente à minha primeira namorada, cujo entusiasmo pela programação e pelas atividades era diametralmente oposto ao entusiasmo pelo nosso namoro ou por mim. Por muito tempo só a idéia de ter que comparecer à Universitária me causava calafrios pela possibilidade de encontrar a moça pelos corredores e salas.
Mas não a desmereço em hipótese alguma, só por que problemas e preferências pessoas me afastaram dela. Na realidade goianiense, a rádio Universitária pode ser considerada um reduto, um oásis de boa música e programas que tentam subir o nível. Ora, as opções FM aqui da capital são dignas de filme trash – sertanejo, evangélicos, cinquentões que se imaginam jovens e o fenômeno fascinante de, num universo tão plural como o da música, você conseguir ouvir a mesma canção sendo tocada ao mesmo tempo em mais da metade das emissoras disponíveis. Foi por isso que dias atrás sintonizei na universitária e peguei o finalzinho de uma seqüência de música clássica. Depois, algumas canções nacionais e, finalmente, uma canção que me chamou muito a atenção. Eu estava no carro, perto das três da tarde, indo sabe-se lá para onde quando me vi repetindo os versos daquela música como se já a tivesse escutado inúmeras vezes. Mas nunca a havia escutado na rádio. Opa, essa música é minha! E era. Eles estavam tocando uma música da minha banda, a Laocoonte. Foi curioso o que eu senti e como eu sorri naquele momento. Olha só, pensei comigo: acabei entrando na rádio universitária por um outro caminho.
Aliás, quem puder me ajudar, vote na minha canção, Conversas com a Meia-Noite, pra ver se ela ganha alguma coisa desse concurso que está acontecendo!
E tudo isso só pra botar o link pra votarem na música...
ResponderExcluirSanta sutileza, Batman!
Ei, você tem uma banda, isso é legal. Tem a música pra ouvir em algum lugar? (desconfio que se você tem problemas aí para sintonizar a rádio universitária eu aqui terei algumas dificuldades a mais...)Mas votei mesmo assim.
ResponderExcluirSobre associar pessoas a lugares, bem, eu poderia mexer com responsabilidade ambiental aqui na empresa mas não torci pra não cair nisso porque era uma das áreas favoritas da minha ex. Ainda bem que eu superei isso e não sou mais o tipo de cara que desconta problemas pessoais em golfinhos, tartaruguinhas e outros bichinhos.
Sobre o seu comentário sobre o comentário que eu fiz...bem se eu tiver entendido bem o que você disse que entendeu e você tiver entendido bem o que eu escrevi mas não esperava que ninguém entendesse, tudo que eu posso dizer é...quem sabe, né? É uma idéia interessante e daquelas que nos desenhos e nos filmes antigos iriam merecer um "mas é um idéia tão louca que até pode certo". E valeu pela dica, pode ter certeza que eu vou pensar nisso...
(Santa prolixidade, Batman...)
Hahahah
ResponderExcluirEu tenho uma paixão imensa pela Rádio Universitária. Confesso: eu morro de ciúmes do Jornal das Seis e principalmente do Matéria Prima.
ResponderExcluirGosto da sua banda também, me lembra dos tempos de Facomb - quando você sempre aparecia com músicas legais pra espantar o tédio das aulas chatas e dos dias calmos da Ascom
Boa sorte aí, votei!
lá, nos programas de estágiarios, sempre detestei a rádio. como ouvinte casual da sala de concertos e do beatlemania, adorei.
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