Para algumas pessoas, as fotos são mais importantes que a viagem. Mas não por eternizar o momento, ou nos permitir recordar de experiências vividas. Nesses dias pictóricos, de orkutes e emos, as fotos mudaram de função. O excesso arrancou delas seu caráter inicial: tira-se foto de tudo, em grande quantidade, não apenas daquilo que é memorável. Penso em como os antigos retratos de família, aqueles posados com roupa de ver deus e cabelo lambido, serviram de herança e testamento por gerações. Hoje isso não teria muito por que. As fotos parecem servir não para retratar uma pessoa, uma imagem ou um momento, mas para construir essa pessoa, essa imagem e esse momento aos olhos alheios. Esse objetivo atual sempre existiu, não é uma invenção contemporânea - prova-se pelo prazer com que mães e tias mostram aquela sua foto de cinco anos, chupando melancia com uma cueca na cabeça, querendo dar à suas comadres a idéia do moleque lindo que você foi . Apenas houve uma mudança radical de hierarquia.
Para algumas pessoas, falar do que se fez é mais importante do que fazer. E, nesse caso, as palavras adotam valor semelhante ao das fotos. Sua capacidade de edição também é parecida: as palavras, como as fotos, podem frisar aquilo que queremos mostrar. Pela fala podemos ser mais altos, mais brancos, mais fortes, mais bonitos. Podemos ser vítimas, ser heróis e, principalmente, podemos ter razão. Tais técnicas de edição de si mesmo possuem graus de qualidade, também como ocorre com as fotos. Há pessoas que se modificam com photoshop e efeitos profissionais, há outras que não.Algumas quase nos convencem com a sutileza de argumento, com a inteligência das combinações, outras apenas soam mentirosas, exageradas ou simplesmente chatas. Sem contar que, no caso da fala, temos a um só tempo a pessoa com quem convivemos e quem ela nos diz ser. Fica mais fácil perceber a discrepância.
Se você quer fotografar uma viagem apenas para recordar e para mostrar aos seus como foi bom, não é preciso tirar muitas fotos. Mas se você tem a necessidade de construir uma imagem de si, muito mais do que uma imagem daquele momento, então milhares de fotos não serão o bastante. Como a adolescente que um dia me acompanhou numa viagem à Bahia e que, celular em punho, tirou mais fotos dela mesma num ponto de ônibus do que eu tirei das praias. Talvez ela quisesse se recordar de como pontos de ônibus baianos são diferentes dos goianos...Da mesma forma, uma pessoa que precisa construir sua imagem, geralmente tem que falar muito. E fala. Fala tanto de si e das coisas que fez ou fará que pode dar a impressão de ser uma pessoa interessante ou pode apenas se tornar enfadonha. Mas ela não percebe, e esse é o aspecto que mais me fascina. Até por que dizer que todo mundo cria uma imagem de si e a apresenta aos outros não é descobrir américa. Agora, talvez pouca gente note que somos nós quem, quase sempre, acreditamos mais nessa imagem de nós mesmos. Acreditamos piamente nela. Tanto que sua construção se torna inconsciente e não calculada. O labor de construi-la nos tira o tempo e a vontade de realizar outro labor mais duro e mais complexo: o de conhecer-nos a nós mesmos.
Faça o teste se quiser, nos outros ou em si. Faça o teste em mim, se me conhecer .Perceba como aquelas pessoas que mais falam de si, que mais contam do que fizeram e do que vão fazer, são exatamente as que mais dependem do que os outros acham. São as que mais oscilam, as mais influenciáveis pela opinião alheia, as mais inseguras sobre elas mesmas. E não deveriam ser. Afinal, pelo que desenham, são pessoas muito certas, muito espertas, muito razoáveis, muito boas, muito confiantes. Curioso paradoxo: falam tanto de si e não sabem nada delas mesmas. Narram tantas experiências exemplares de vida e atuação e se comportam como crianças que não viveram nada ainda. Como a turista que tem milhares de fotos da praia mas não tem uma marquinha de biquini.
Para algumas pessoas, falar do que se fez é mais importante do que fazer. E, nesse caso, as palavras adotam valor semelhante ao das fotos. Sua capacidade de edição também é parecida: as palavras, como as fotos, podem frisar aquilo que queremos mostrar. Pela fala podemos ser mais altos, mais brancos, mais fortes, mais bonitos. Podemos ser vítimas, ser heróis e, principalmente, podemos ter razão. Tais técnicas de edição de si mesmo possuem graus de qualidade, também como ocorre com as fotos. Há pessoas que se modificam com photoshop e efeitos profissionais, há outras que não.Algumas quase nos convencem com a sutileza de argumento, com a inteligência das combinações, outras apenas soam mentirosas, exageradas ou simplesmente chatas. Sem contar que, no caso da fala, temos a um só tempo a pessoa com quem convivemos e quem ela nos diz ser. Fica mais fácil perceber a discrepância.
Se você quer fotografar uma viagem apenas para recordar e para mostrar aos seus como foi bom, não é preciso tirar muitas fotos. Mas se você tem a necessidade de construir uma imagem de si, muito mais do que uma imagem daquele momento, então milhares de fotos não serão o bastante. Como a adolescente que um dia me acompanhou numa viagem à Bahia e que, celular em punho, tirou mais fotos dela mesma num ponto de ônibus do que eu tirei das praias. Talvez ela quisesse se recordar de como pontos de ônibus baianos são diferentes dos goianos...Da mesma forma, uma pessoa que precisa construir sua imagem, geralmente tem que falar muito. E fala. Fala tanto de si e das coisas que fez ou fará que pode dar a impressão de ser uma pessoa interessante ou pode apenas se tornar enfadonha. Mas ela não percebe, e esse é o aspecto que mais me fascina. Até por que dizer que todo mundo cria uma imagem de si e a apresenta aos outros não é descobrir américa. Agora, talvez pouca gente note que somos nós quem, quase sempre, acreditamos mais nessa imagem de nós mesmos. Acreditamos piamente nela. Tanto que sua construção se torna inconsciente e não calculada. O labor de construi-la nos tira o tempo e a vontade de realizar outro labor mais duro e mais complexo: o de conhecer-nos a nós mesmos.
Faça o teste se quiser, nos outros ou em si. Faça o teste em mim, se me conhecer .Perceba como aquelas pessoas que mais falam de si, que mais contam do que fizeram e do que vão fazer, são exatamente as que mais dependem do que os outros acham. São as que mais oscilam, as mais influenciáveis pela opinião alheia, as mais inseguras sobre elas mesmas. E não deveriam ser. Afinal, pelo que desenham, são pessoas muito certas, muito espertas, muito razoáveis, muito boas, muito confiantes. Curioso paradoxo: falam tanto de si e não sabem nada delas mesmas. Narram tantas experiências exemplares de vida e atuação e se comportam como crianças que não viveram nada ainda. Como a turista que tem milhares de fotos da praia mas não tem uma marquinha de biquini.
Eu prefiro fazer foto das praias do que tomar sol! Rs!
ResponderExcluirZé, vc sabe que eu concordo plenamente contigo. Nada pior do que gente que tenta construir uma imagem vazia, que não existe. Foto boa é foto que mostra o detalhezinho que ninguém viu daquilo tudo que estava, de fato, acontecendo e enche a gente de saudade. Eu acho, pelomenos. Rs.
Beijos!!!!
[momento de profunda reflexão pessoal]
ResponderExcluir[2] "Eu prefiro fazer foto das praias do que tomar sol! Rs!" [/2]
ResponderExcluirÉ o seguinte, Zé, Photoshop não! Paint para a Vida! Brincadeira. Mas eu perdôo as pessoas que tiram mil fotos do céu... vai ver elas querem voar, o que não é uma má coisa.