quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pela porta dos fundos


Voltar sem dar alarde e reaparecer à mesa do café, cheirando a loção pós-barba e sono, como se nunca houvesse ido embora. Para negar os centímetros a mais, a nova cicatriz no queixo, as mãos envelhecidas, o cheiro desconhecido nos cabelos, como se nunca houvesse mudado. Para desmentir calendários rabiscados e relógios desgastados pelo olhar, e reunir pontas de tempo num laço. E cumprimentar os outros como se os houvesse visto ontem, como se não devesse desculpas ou explicações. Voltar sem dar notícia, do mesmo modo que se foi, como quem volta do trabalho todos os dias, como se voltasse do banho, do quarto, da praça. Pela porta dos fundos, sem dar alarde, lavar as mãos na pia da cozinha e perguntar onde estão minhas torradas.

6 comentários:

  1. E dizer "bem vindo" como se não tivesse a vontade de perguntar por que demorou tanto! :)

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  2. Bem vindo de volta, Zé.

    (e esse espaço pra avaliar sensações embaixo do texto parece demais com alguém julgando uma relação sexual, não parece? "curto" é meio sacanagem, acho)

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  3. Voltando, e com louvor. Finalmente, né? Bjo.

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  4. Voltando como quem recebe bronca por voltar tarde da rua, como quando se recebe bronca por chegar, mas na realidade foi por ter saído.

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  5. Oi, Zé.

    Esse negócio de sensações, viu? Você se supereou na viadagem.

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  6. tudo novo como se fosse normal. adorei. bem-vindo de volta.

    [só falta arrumar esse link do meu blog na barra lateral que você está 7 meses atrasado e a ausência não é desculpa, vamos combinar]

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pode falar, eu não estou ouvindo