Já há alguns meses que venho me revirando para conseguir achar uma tese de mestrado apresentável. Passei pelas diversas fases que dividem essa malfadada busca: primeiro, empolgado, esperei que a idéia mais original e surpreendente dos últimos dois séculos surgisse na minha cabeça da noite para o dia, como uma espinha ou herpes. Depois fiz questão de ler livros do assunto, ver outras teses, participar de congressos, só para descobrir que todo mundo já falou sobre tudo que eu achava original e, agora, todo mundo está falando sobre coisas para as quais eu não dou a mínima. Finalmente, cheguei à etapa de apenas querer uma idéia boa, não pretensiosa e que já saia para o papel dentro das regras da ABNT.
E é então que, vinda do ermo desconhecido, surge a Imaginação. Mas, para quem a esperava há tanto tempo, sua aparição repentina só causa angústia: ela vem bêbada, trôpega e lembrando o Sérgio Malandro em algum programa de auditório da Record. Por que a Imaginação é quase sempre uma amiga da onça. Quando precisamos dela para escrever aquele poema matador pra namorada ou aquela matéria que vai ganhar o Pulitzer, a veada vai comprar um cigarro na esquina e aproveita para ver as nêgas dela no boteco. Agora, quando estamos compenetrados tentando definir um objeto plausível dentro da linha de pesquisa da orientadora, então a Imaginação baixa na quebrada e nos faz ter todo tipo de idéia que seria incrível se estivéssemos escrevendo um capítulo de Lost. Por exemplo:
1. As mudanças paradigmáticas nos relacionamentos humanos com o advento dos emoticons.
Premissa: Com a pós-modernidade e a fluidez dos relacionamentos humanos pós-internet, segundo a acepção de Baumman, quais as implicações mensuráveis do uso de emoticons na expressão moderna da sensibilidade humana? Por um viés platonico, definiremos as carinhas amarelas como profundas simbolizações do Mundo das Idéias e possíveis arautos de uma revolução comportamental baseada na falta de pontuação em frases discursivas.
Revisão bibliográfica: Zygmund Baumman, Max Webber, Platão e @dannyzinha_=)@ladygaga, minha prima.
2. O embate epistemológico possível entre o futuro da pesquisa cientifica e a inclusão de links para sites pornôs no Google.
Premissa: Com a advento da pós-modernidade pós-destrutiva e pós-depreciativa da moral burguesa institucional, o presente trabalho visa lançar um olhar epistemológico sobre a atual condição da pesquisa cientifica, levando em consideração a quantidade crescente de links pornográficos em sites de busca. Qual o posicionamento teórico de Habermas para o fato de que, se pesquisarmos o termo “Imagem Pública” no google, acharemos aspectos teóricos como “ Imagens de lady gaga peladona em público, clique aqui.”?
Acho que são dois excelentes temas, abordando assuntos para os quais a Academia ainda precisa abrir os olhos. Esse post me fez lembrar o dia em que meu orientador de monografia explicou que "semiótica do pornô" não era um tema adequado.
ResponderExcluirkkkkkkkk. Acho q vc tá encrencado. Se precisar de ajuda (não para escrever o projeto e pensar na tese, claro), mas pra afogar todas as inquietações num bar, me chama.
ResponderExcluirDenyse
Ri muito, Zé!
ResponderExcluirAh, não se desespere. A coisa ainda piora consideralmente qd alguém pergunta: Qual a sua metodologia?
¬¬
é tudo uma questão de delimitar o objeto de análise. hahaha. (:
ResponderExcluirOlha, eu apoio totalmente qualquer um dos temas. Já tive grandes idéias que mudariam o olhar que temos sobre a sociedade. Infelizmente a academia não está pronta para quebrar paradigmas a apoiar projetos visionários.
ResponderExcluirAntes que eu me esqueça, parabéns por ter consertado o layout, agora tá bom. Pra você ver que não venho aqui só pra te xingar (xingo tb, mas posso falar outras coisas. E chega que esse comentário tá maior que todos os posts do meu blog)
P.S: É Zygmunt Bauman
P.P.S: Bicha