segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ruído



E quando você descobrir que as palavras não passam de vento contorcido? Será que fará menos sentido tudo que eu disse? E quando você se convencer que o mundo seria silencioso não fossem nossos ouvidos? E se não fossem os olhos, não haveria cor. E nem mar, se não houvesse pés na areia. Será que meu sentimento seria menor por que ele só habita dentro de mim? E toda tentativa de expô-lo se transforma em mágica mambembe, em máquina de vento, em moinho? Se por fora é só palavra, é só fluxo de ar cortado por lâminas de carne. É só o bater de ossos minúsculos na forja de nossos sentidos. Nas bigornas, martelos e estribos dentro de nós – como numa minúscula oficina de ruídos. Mas se um dia você perceber que as palavras não passam da dança insegura do meu sopro em seus ouvidos, será que tudo que eu disse faria mais sentido?

2 comentários:

  1. De uma perspicácia imensa!
    Com a música combinando.
    E a frase que mais me instigou é singela, como o texto: "que o mundo seria silencioso não fossem nossos ouvidos"...
    Mas eu tenho que confessar uma coisa, esse seu peixinho atrapalha a minha concentração!

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  2. Engraçado pensar nisso, pois antes houve um sentido depois foi por muito tempo esquecido, até que aprendêssemos que possuímos ouvidos e lâminas de carne nas gargantas e lembrarmos do sentido inicial e criarmos infinitos outros.

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pode falar, eu não estou ouvindo