terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Além do que a gente inventa ainda existe o que a gente é


Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, eu vi que os olhos do noivo brilhavam como uma vida recém-criada. Vi que ninguém deu ouvidos ao sermão do padre, só eu, o ateu não-praticante, e os velhos. Na Igreja do Rosário, que um dia foi dos pretos, vi entrar o pai da noiva em trajes militares e o sabre na bainha brilhava como um sonho de infância. E vi uma moça cantar uma canção feia como se fosse a mais bela das canções, e como se ela fosse a mais bela das moças. Mas ninguém viu quando minhas mãos se crisparam por terem compreendido: além dos vícios e dos ritos dos homens, muito além de suas presunções e misérias, de suas divisões e classes, sempre resistirá intacto o brilho nos olhos do noivo.

4 comentários:

  1. Sabe, eu também ouvi o sermão do padre! haha
    E sem dúvida, o brilho dos olhos do noivo era indescritível.

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  2. eu gosto mesmo de observar detalhes em casamentos. já vi gente inspirada pelo momento fazer declarações ao parceiro. acho que o brilho cativa, de fato, algumas pessoas.

    [dá pra jogar comidinha pro Peixe!]

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  3. Você escreve sobre casamentos muito melhor do que eu, fico feliz com isso.

    (passei dez minutos do meu dia alimentando o peixe do seu blog, cara)

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  4. não é um desentendimento, pelo contrário.

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pode falar, eu não estou ouvindo