(baseado numa história verdadeira, mas não necessariamente real)
O homem é o único ser da natureza capaz de nomear outros seres, objetos, lugares e coisas abstratas como dias e meses. Paulo, porém, já havia alcançado aquele estado etílico carnavalesco em que fica difícil distinguir que dia é, de que diabo de mês, e quem diabos eram aqueles sujeitos ao redor.
O homem é criatura capaz de se nomear e se reconhecer como única e diferente de todas as outras. Paulo, porém, depois de ter esgotado sua lista de codinomes de carnaval, começando com Afonso e terminando com Wilson, passando por Donizete, Agenor e Elvis, sem esquecer o Fritz Häagen Dazs usado com aquelas garotas de Ipameri, já estava com sérias dúvidas sobre quem era e por que não era Charles Sheen.
O homem é o único ser da natureza que conhece o sentido de posse e o aplica à objetos, lugares e outros seres. Paulo, porém, estava tendo problemas com esse conceito e a possível relação entre um anel de noivado no dedo de uma loira semi-nua de Ipameri e um negão gritando do outro lado da folia.
Diferente dos demais seres, o homem é capaz de criar explicações complexas para seus atos a partir de construções racionais, imaginativas e perceptivas. Porém, Paulo já não podia explicar por que chamou o negão que se aproximava bufando de Clotilde, minha nêga, nem por que subiu no Chevette e abaixou as calças para rebolar.
O homem é a única criatura que se desenvolveu para andar exclusivamente sobre duas pernas, de modo ereto e com a cabeça erguida. Ao fugir descambado pela rua, porém, Paulo já havia passado daquele famoso estado etílico carnavalesco em que se usam todos os membros para todas as coisas, não necessariamente numa ordem.
O homem é uma criatura que conjectura sobre vida após a morte, e considera que possui uma parcela espiritual que não perece com o ente físico. Paulo, porém, enquanto levava uma surra catastrófica do negão, sob o olhar consentido da loira semi-nua de Ipameri, só pensava que ia morrer mesmo e ponto final.
O feedback de múltipla escolha está claramente matando a magia do comentário por extenso, Zé
ResponderExcluirGenial!
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