É que de uns tempos para cá eu tenho errado mais. Por isso me arremeto a tantos cuidados; fico pensando, pensando em cima das palavras, pensando que logo ali caio num maneirismo, numa mesmice, num antigo ditado. Fico pensando e esperando uma palavra que saia concisa sem que eu precise pensá-la. Que tenha a exatidão das palavras ditas de pronto, daquelas que terminam romances e versos.De uns tempos para cá, tenho tido menos sorte. Por tanto que me arremeta com cuidados – de escrever com olhos bem próximos da folha – vigiando bem para ver pingo de i que foge, U que desliza no lugar do L, idéia repetida que se disfarça de nova. Mas digo: nem é cuidado de carinho, daquele que se tem com as queixas da namorada; daquele que se tem quando se pega em porta-retratos como se pegasse da lembrança mesma. Não, não. É mesmo o cuidado de medo. Porque num repente a vida se tornou complicada e não é mais simples falar simplesmente, nem é mais lícito explicar as coisas; a vida subtraiu-se na experiência, a vida carcomeu seus próprios pés, de repente, a vida quedou inextricável.
Você é muito chato.
ResponderExcluirna maior parte das vezes, eu só vou deixando de escrever, mesmo. sem motivo, só falta de vontade.
ResponderExcluiradorei!
Eu me delicio com as suas palavras...
ResponderExcluirideia, não tem mais acento .... novas regras gramaticais. Belo texto.
ResponderExcluirAté o final de 2012 ainda dá pra usar o acento em idéia, não dá?
ResponderExcluirBelo texto, Zé.
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