terça-feira, 20 de setembro de 2011

De volta ao silêncio


Nem gosto tanto assim da tristeza. Acho que não sou o tipo certo para seus planos de escurecer o mundo. Não tenho cadência, falta-me altura, magreza, falta-me osso sob a pele cinzenta; não sou tão elegante assim para andar sempre de lado, como o último soldado do front. Falta-me o olhar perdido, o cigarro no canto da boca, falta-me o café na madrugada, o sorriso desmentindo presença – falta desmerecer a vida e verter ácido pelos poros. Mas eu mereço a vida, e meu silêncio é doce. Meu silêncio é vivo. Sempre que retorno a ele, depois da inútil festa, depois da tarde amarelada, noto como tem crescido. Não quero o silêncio de quem acha que não há mais nada a se dizer. Quero o silêncio de quem está procurando a palavra certa. Ainda não encontrei. ainda não encontrei. mas olha, o dia está está só começando.

2 comentários:

  1. só queria dizer que achei esse texto maravilhoso. lindo, mesmo.

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  2. Estava a preparar uma nova postagem. Não achava a palavra certa. A tipografia não parecia ideal. Faltava alguma coisa. O tema era pessimismo. Tenho percebido a presença significativa de pessimismo no mundo. E decidi fazer um texto com a intenção de confrontar isso. Vim parar aqui e minha alma se aquietou.

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pode falar, eu não estou ouvindo