Havia o parque e a beleza toda ao meu redor – refletida nos olhos da guria, ou pelo vento nas árvores e o calor sobre a pele, o Buda sorridente de orelhas enormes, os cães brilhosos, as crianças nuas na fonte. Tudo era belo e delicado, e eu procurei nas formas a constância da eternidade, mas não havia. Até entender que estava dentro de mim, e que eu só me lembraria daquilo, daquele domingo, daquela luz, daquela viagem solitária, se algo por dentro mudasse. A beleza então não era coisa que vinha de fora, ou que residia inerte no movimento do mundo, e nem estava nos meus olhos, nos mecanismos minúsculos da luz e da sombra. E a eternidade então não era nada que eu pudesse receber de outrem, por caridade ou sorte. A eternidade estava em mim, e era algo que eu deveria dar em troca. A eternidade era a minha oferenda. Só assim entendi porque estava ali, e só assim pude me redimir.
Porto Alegre, 27 de novembro de 2011.
Porto Alegre agora então? Cidade bonita, espero que continue gerando textos assim
ResponderExcluir