Estávamos no rio, descendo ou subindo. A bússola dava voltas,
e as previsões minguavam. Cada vagalhão quase entornava a jangada, molhando nossos
ossos por baixo das roupas. E você dizia: não vamos conseguir, ao que eu,
prestativo, respondia: é claro que vamos. Uma jangada não agüenta o mar – você
gritava, quando o vaguear rugia. Mas isso nem é mar, é só um rio, eu te
lembrava. Não é rio, é mar, você me soltava para não perder o pé. – Olhe as
ondas, é mar! – Mas também há ondas em rio bravos. – Mas a água é salgada. Pode
ser o encontro de rio e mar, talvez. Não há rio de água salgada. Acabamos de
encontrar um, eu sorria – É claro que é rio, olha bem, não falta nada aqui pra
ser rio: a água, os peixes, a correnteza. Falta sim. Não falta. Claro que falta.
Então o que? Falta a outra margem.
Diante de tanta agonia, continuo preferindo as piscinas. Suas bordas são bem visíveis, permitindo que eu fique bem agarrada a elas, tendo em vista que eu não sei nadar.
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