eu
gostaria também de criar algo tão meu que fosse a minha própria vida recriada. algo
tão meu que fizesse meus dedos dançarem com a precisão de garras, e meu rosto
se desfigurar sem nenhuma sutileza. que fizesse a minha voz tão imprecisa e tão
sábia, que ressaltasse da alma o brilho e a imperfeição. eu gostaria também de
confeccionar minha dor sozinho com as cordas retesadas, pois eu não preciso de
ninguém para doer, e com o sangue sem cor a respingar em meus tons, eu gostaria
também de bastar a mim mesmo, sem egoísmo e nem vaidade. eu gostaria também de
estar sozinho no escuro, na escuridão completamente minha dos meus olhos
escuros, no acalento morno das minhas próprias dúvidas. Eu gostaria também de
amar tanto um gesto que me entregasse a ele sem nenhuma ressalva – que me
abandonasse nele sem nenhum pudor - e
meu olhar alcançasse além da luz refletida nos outros. eu gostaria de retribuir a solidão que você me
cantou, como se abrisse em meu peito a tristeza exata de um pássaro. eu
gostaria também de um dia, quem sabe, ser capaz de cantar uma canção que fosse a
mais perfeita definição do silêncio.
Lindo som! O texto ficou bem poético.
ResponderExcluire eu que gostaria de tanta coisa que já nem sei mais...
ResponderExcluirmuito bom isso,
ResponderExcluirvc merece ser lido