Saberia eu dosar os dias de
estranhíssimo talhe, pela pouca precisão dos passos que dou ou pelo desamparo
com que me embaralho em meus próprios cadarços? E mesmo que a cidade se empenhe
em colonizar meus pensamentos com labirintos, e mesmo que minha sombra se
atenha a cada gesto e se esconda no contraforte de cada sorriso. Saberia eu
remediar os dias de estranhíssimo corte?Não sei, não sei. Mas há notícias de um verão
interior – de uma canção ainda nova e de sol entre nuvens. Ontem mesmo acho que
um anjo, ou talvez uma menina, ou talvez um sentimento, ontem mesmo alguém me avisou: apesar do
ruído da rua, do fogo e dos cristais nas prateleiras, há notícias de um verão
interior – de sol quente e cheiro de casa limpa ao fim de tardes e de varandas.
"se esconda no contraforte de cada sorriso" Ontem mesmo, li e achei muito belo!
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ResponderExcluirachei seu blog hoje por acaso e não consigo mais parar de ler. São textos muito pungentes. Está de parabéns. Um verdadeiro poeta, de uma sensibilidade fascinante. Parabéns! Virei fã.
ResponderExcluirBeijos,
Aline