quem sabe nessa tarde
as louças das casas de família
trinquem com o sensabor
dos dedos das moças de família
quem sabe nessa tarde
algum cigarro esquecido
toque fogo e torne em cinzas
todas as obras de arte
todas as críticas de cinema
e todos os poetas malditos
e nessa tarde quem sabe
uma passeata do mudos
reivindique a musicalidade
que há em dedos e cotovelos
em batentes de porta e azulejos
e nessa tarde quem sabe
as balas perdidas acertem
a cabeça de várias estátuas
e os políticos que vociferam
nas fotos de jornal das bancas
as balas perdidas acertem
a cabeça de várias estátuas
e os políticos que vociferam
nas fotos de jornal das bancas
quem sabe nessa tarde
algum planeta vizinho
espie da janela do banheiro
a nudez da terra em seu degelo
quem sabe nessa tarde
eu possa abraçar meus amigos
e amar, ainda que sem jeito
a vida que anoitece
em meus cílios.
eu possa abraçar meus amigos
e amar, ainda que sem jeito
a vida que anoitece
em meus cílios.
O que seria a vida que anoitece, Zé!? O próprio tempo?
ResponderExcluirMuito bom! "Quem sabe" vc vira "só" poeta?
Boa, muito boa.
ResponderExcluir(cara, você usa a palavra "sensabor", isso é chocante)
Legal. Boa perspectiva. Ótimo desenrolar de idéias.
ResponderExcluirJá vi alguns posts daqui. Mto bons, aliás.
Vou linkar vc no meu blog. blz?
a gente se fala.
Abraço!
penanegra.wordpress.com
Peraí, nenhum comentário sobre a foto? Não acredito. Tá uma gracinha, Zé. Com carinha de irmão mais novo que a gente pega pela mão e leva pra tomar sorvete.
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