O que ele mais gostava nos heróis dos filmes é que eles nunca
sentiam raiva. Bem podiam ter coragem ou medo, bravura ou covardia, podiam
sentir ódio ou amor, podiam quase morrer nas mãos dos vilões ou quase perder as
mocinhas em estações semi-iluminadas de Paris. Mas tudo que sentiam era grande e
profundo, combinava com o jogo de cena, a música e a luz. O que ele mais gostava nos heróis é que nunca sentiam raiva; e
andavam incólumes pelo mundo, indiferentes às palavras atravessadas, a dedos do
pé nas quinas das mesas, aos apressadinhos no trânsito, à ignorância alheia ou
à própria estupidez. E ele sonhava ser como os heróis dos filmes, e ter apenas
sentimentos oceânicos para vencer os grandes desafios, as batalhas épicas; só
que as quinas das mesas, as conexões lentas, as palavrinhas ditas sem pensar, as
buzinas no trânsito e as filas de espera, todas as pequenas coisas do mundo sempre
o derrotavam.
todo mundo já quis (ou continua querendo)ser herói.Quanto às pequenas coisas do mundo: são pequenas demais para causar tanto estardalhaço. Quanto ao seu texto: é o tipo de texto que eu gostaria de ter esscrito. mas sem inveja tá? hehehehheheehehe
ResponderExcluirExiste um campo muito específico do heroísmo reservado apenas pras pessoas que nunca xingaram a net ou nunca praguejaram diante de topada de dedinho do pé.
ResponderExcluir